São Paulo, sábado, 31 de julho de 2010

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Nas ondas do rádio

Folha acompanha treino na Williams e desvenda a comunicação via rádio entre equipe e pilotos na pista, que tem provocado polêmicas na F-1

TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A BUDAPESTE

Primeiro foi o australiano Mark Webber, em Silverstone. Poucos metros após receber a bandeirada e ouvir os parabéns pela vitória, abriu seu rádio e falou, para o mundo ouvir: "Nada mau para um segundo piloto".
O desabafo público não apenas causou mal-estar dentro da Red Bull como escancarou a crise interna até então mascarada pelo time. Na semana passada, em Hockenheim, mais uma vez mensagens de rádio, desta vez da Ferrari, tornaram-se públicas durante a transmissão da corrida e deixaram evidente a ordem para que Felipe Massa abrisse passagem para seu companheiro de time, Fernando Alonso.
Apesar de ser usada na categoria desde os anos 80, a comunicação via rádio entre pilotos e equipes virou o assunto das últimas semanas por causa destes casos.
Em Hungaroring, onde neste final de semana ocorre o GP da Hungria, a Folha acompanhou à segunda sessão de treinos livres dos boxes da Williams -a Ferrari não permitiu a presença da reportagem em sua garagem.
Na equipe inglesa, teve acesso às conversas de rádio entre os engenheiros e seus dois pilotos, Rubens Barrichello e Nico Hulkenberg.
A primeira coisa que chama a atenção é a frequência com que se comunicam, seja enquanto os pilotos estão parados na garagem ou fazendo suas voltas rápidas.
"Ok, Rubens, volte ao modo seis [o modo é como o motor deve ser usado; o seis é para economizar, o dois é o usado na corrida]. Sexta marcha. A pista está limpa atrás de você. Volte aos boxes. Ok, 30 segundos. Modo pit lane. Primeira marcha. Atenção ao "pirulito". Modo descanso. Você quer mais asa dianteira?", dizem os engenheiros sentados no pit wall enquanto o brasileiro faz suas voltas.
"Não sei o que vocês acham. Talvez um grau a mais", responde Barrichello.
"Ok, um grau a mais na asa dianteira. Compreendido", responde o engenheiro.
Esta é a segunda coisa que se percebe. Diferentemente do que acontece durante as corridas, quando as mensagens são mais breves, durante um treino, em que muitas coisas precisam ser testadas para o final de semana, fica até difícil entender tantos nomes e códigos usados.
"Durante a corrida é diferente porque você está naquele seu mundo e precisa ser informado do que acontece fora dele", explicou Barrichello, que já passou pela mesma experiência de Massa, no GP da Áustria-2002.
Na ocasião, porém, quando recebeu o pedido via rádio, ninguém de fora da equipe ouviu. Foi justamente por causa deste episódio que a FIA passou a monitorar as conversas dos times, depois de banir, pelo regulamento, as ordens de equipe.
Atualmente, a entidade pode ouvir a todas as comunicações, assim como a FOM, responsável pelas transmissões. Coincidentemente, desde o último fim de semana, os times não podem mais usar o modo "privacidade", que permitia que algumas conversas não vazassem.
Mas nem só de assuntos técnicos se resumem as conversas. Ao ser questionado por seu engenheiro se queria alguma coisa a mais, Barrichello não hesitou. "Um milk shake de banana", brincou. Quando estacionou seu carro na garagem, porém, o pedido estava lhe esperando.

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folha.com.br/es775121


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