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Nas ondas do rádio
Folha acompanha treino na Williams e desvenda
a comunicação via rádio entre equipe e pilotos
na pista, que tem provocado polêmicas na F-1
TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A BUDAPESTE
Primeiro foi o australiano
Mark Webber, em Silverstone. Poucos metros após receber a bandeirada e ouvir os
parabéns pela vitória, abriu
seu rádio e falou, para o
mundo ouvir: "Nada mau para um segundo piloto".
O desabafo público não
apenas causou mal-estar
dentro da Red Bull como escancarou a crise interna até
então mascarada pelo time.
Na semana passada, em
Hockenheim, mais uma vez
mensagens de rádio, desta
vez da Ferrari, tornaram-se
públicas durante a transmissão da corrida e deixaram
evidente a ordem para que
Felipe Massa abrisse passagem para seu companheiro
de time, Fernando Alonso.
Apesar de ser usada na categoria desde os anos 80, a
comunicação via rádio entre
pilotos e equipes virou o assunto das últimas semanas
por causa destes casos.
Em Hungaroring, onde
neste final de semana ocorre
o GP da Hungria, a Folha
acompanhou à segunda sessão de treinos livres dos boxes da Williams -a Ferrari
não permitiu a presença da
reportagem em sua garagem.
Na equipe inglesa, teve
acesso às conversas de rádio
entre os engenheiros e seus
dois pilotos, Rubens Barrichello e Nico Hulkenberg.
A primeira coisa que chama a atenção é a frequência
com que se comunicam, seja
enquanto os pilotos estão parados na garagem ou fazendo suas voltas rápidas.
"Ok, Rubens, volte ao modo seis [o modo é como o motor deve ser usado; o seis é
para economizar, o dois é o
usado na corrida]. Sexta marcha. A pista está limpa atrás
de você. Volte aos boxes. Ok,
30 segundos. Modo pit lane.
Primeira marcha. Atenção ao
"pirulito". Modo descanso.
Você quer mais asa dianteira?", dizem os engenheiros
sentados no pit wall enquanto o brasileiro faz suas voltas.
"Não sei o que vocês
acham. Talvez um grau a
mais", responde Barrichello.
"Ok, um grau a mais na
asa dianteira. Compreendido", responde o engenheiro.
Esta é a segunda coisa que
se percebe. Diferentemente
do que acontece durante as
corridas, quando as mensagens são mais breves, durante um treino, em que muitas
coisas precisam ser testadas
para o final de semana, fica
até difícil entender tantos nomes e códigos usados.
"Durante a corrida é diferente porque você está naquele seu mundo e precisa
ser informado do que acontece fora dele", explicou Barrichello, que já passou pela
mesma experiência de Massa, no GP da Áustria-2002.
Na ocasião, porém, quando recebeu o pedido via rádio, ninguém de fora da equipe ouviu. Foi justamente por causa deste episódio que a FIA passou a monitorar as conversas dos times, depois de banir, pelo regulamento, as ordens de equipe.
Atualmente, a entidade
pode ouvir a todas as comunicações, assim como a FOM,
responsável pelas transmissões. Coincidentemente, desde o último fim de semana,
os times não podem mais
usar o modo "privacidade",
que permitia que algumas
conversas não vazassem.
Mas nem só de assuntos
técnicos se resumem as conversas. Ao ser questionado
por seu engenheiro se queria
alguma coisa a mais, Barrichello não hesitou. "Um milk
shake de banana", brincou.
Quando estacionou seu
carro na garagem, porém, o
pedido estava lhe esperando.
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folha.com.br/es775121
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