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Vingança de Dodô foi apenas o começo
JOSÉ GERALDO COUTO
da Equipe de Articulistas
Um jogador profissional atuar
contra seu ex-clube é um fato corriqueiro no futebol. Mas, quando
esse jogador é um centroavante
que deixou magoado a antiga casa, o reencontro tem sabor de vingança.
Foi o caso de Dodô, que na última quarta-feira fez o gol do Santos que liquidou seu ex-time, o
São Paulo, no clássico San-São.
Foi uma resposta à torcida tricolor muito mais eficaz e elegante
do que a "banana" que o artilheiro endereçou à arquibancada do
Morumbi, há alguns meses.
A vingança de Dodô foi apenas
o começo. O Brasileirão deste ano
vai proporcionar outros confrontos de artilheiros contra seus ex-times. Dois dos mais aguardados
são o de Luizão (agora no Corinthians), contra o Vasco, e o de
Viola (agora no Vasco), contra...,
bem, contra um punhado de ex-clubes: Palmeiras, Corinthians,
Santos.
Viola, de resto, tem a impressionante virtude de vestir de fato a
camisa do clube em que joga, como se fosse uma segunda pele. Foi,
sucessivamente, corintiano, palmeirense e santista desde criancinha. Está há poucas semanas no
Vasco e já parece que nasceu em
São Januário.
Confesso, por falar nisso, que
torci um pouco para Viola ir para
o São Paulo, como chegou a se esboçar a certa altura. Só pelo inusitado da coisa: o mesmo goleador
jogar nos quatro grandes clubes
de São Paulo.
Outro atacante que chegou perto disso, na década que chega ao
fim, foi Muller, que passou por
São Paulo, Palmeiras e Santos. Só
faltou o Corinthians.
No setor oposto, o dos goleiros,
também não me lembro de nenhum que tenha atuado nos quatro grandes. Zetti chegou perto:
Palmeiras, São Paulo, Santos.
Aliás, vingança de goleiro, fechando o gol contra seu ex-time, é
quase tão deliciosa quanto vingança de artilheiro.
Poderá ser o caso, neste Campeonato Brasileiro, de Velloso (no
Atlético-MG), contra o Palmeiras,
e de Dida (no Corinthians), contra o Cruzeiro.
Escrevo esta coluna antes do jogo Brasil x Nova Zelândia. Espero
que tenha sido menos tedioso do
que Brasil 1 x 0 EUA.
A falta de imaginação mostrada
pelo meio-campo brasileiro naquele jogo foi exasperante.
Pode ser que a partida contra a
Nova Zelândia me faça queimar a
língua, mas acho que o time só vai
destravar de fato quando: 1) Odvan ou João Carlos der lugar a César, um zagueiro que sabe sair jogando, em vez de simplesmente se
livrar da bola; 2) trocarmos um
cabeça-de-área (Émerson ou Flávio Conceição) por um meia mais
criativo, como Alex.
Sei que Émerson (o novo Mauro
Silva), suspenso, não jogou. Mas
estou me referindo a opções táticas, e não a frutos do acaso.
Nossa vocação monárquica,
monoteísta e monocultora volta a
atacar.
Parece que só podemos ter um
ídolo futebolístico de cada vez. Só
porque Ronaldinho começou a
encantar a todos, já tem gente se
apressando em enterrar o outro
Ronaldo, que até o ano passado
era o maior do mundo.
Nos jogos da Copa América, parecia até que a platéia brasileira
presente ao estádio torcia por
uma atuação ruim do atacante
da Inter para poder vaiar e gritar:
Gaúcho, Gaúcho.
Sou fã do novo Ronaldinho, sem
deixar de admirar o "velho".
Quanto mais craques melhor.
E-mail jgcouto@uol.com.br
José Geraldo Couto escreve às segundas-feiras e aos sábados
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