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MOTOR
Spa alemão
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
Schumacher comemorou
ontem dez anos de sua primeira vitória na F-1, obtida na
mesma Spa em que corre pela vitória neste final de semana
-aparentemente adaptado ao
sistema Ferrari de competir, já reclamou para si a vitória de amanhã, a décima da temporada, um
novo recorde na categoria.
Sucesso que poderá também
isolar o alemão como maior vencedor nas estradas da floresta das
Ardenas, superando outro que tinha predileção pelo circuito belga, Senna -ambos têm cinco.
E se a Michelin não atrapalhar
-dos dez primeiros ontem, apenas as duas Ferraris calçavam a
concorrente-, Schumacher hoje
pode quebrar mais uma escrita, a
de nunca ter conquistado uma
pole em Spa, único circuito do calendário que o pentacampeão jamais largou da ponta.
(Sennistas fiquem tranquilos,
apesar do placar já ser de 47 a 65,
o alemão, pela média da carreira
e também pela na Ferrari, não
deve alcançar o brasileiro.)
Enfim, um importante final de
semana para Schumacher, mas
também para a escuderia que o
transformou em pilar fundamental de um projeto sem igual na
história da F-1. Desde o GP da
Malásia de 1999, a Ferrari coloca
pelo menos um de seus pilotos entre os três primeiros de cada corrida. Amanhã pode ser a 50ª vez.
Mais do que um número redondo ou cheio, esse pódio servirá como uma espécie de mapa para
quem quer entender o sucesso ferrarista. Naquele GP em Sepang,
Schumacher voltava a correr após
convalescer de seu pior acidente,
uma perna quebrada em Silverstone, fazendo pole e dando de
bandeja a vitória ao então companheiro Irvine, que lutava pelo
título com Hakkinen. Limitado, o
irlandês não conseguiria depois
evitar o bicampeonato do rival.
Talvez Schumacher tenha perdido aquele campeonato para a
própria perna. Talvez todo esse
atraso tenha feito a Ferrari gastar
mais dinheiro. Talvez um companheiro mais competente, Barrichello chegaria em 2000, fosse a
peça que faltava. O fato é que a
partir daquele GP a Ferrari não
parou de colocar gente no pódio,
de fazer poles, de vencer. Fez até o
que parecia impossível, produzir
um pentacampeoão mundial.
Fez mais, transformou a F-1 em
um jogo totalmente previsível, escolhendo até quem deve vencer.
Isso é ruim para a categoria, mas
é obviamente um mérito da escuderia. Qualquer time gostaria de
alcançar tamanho domínio. Poucos conseguiram ou conseguirão
isso. Nenhum como a Ferrari, que
apostou centenas de milhões de
dólares em um único sujeito, um
piloto fora de série, talvez não o
melhor de todos os tempos, mas
de longe um dos mais singulares,
capaz de produzir tantos recordes
como polêmicas. Goste-se ou não,
a era Schumacher deve durar enquanto o sujeito tiver disposição.
Ávidos em fabricar um novo rival -já fizeram isso com Hill-,
os ingleses apostam em Raikkonen como antídoto, como já apostaram em Montoya e em Ralf. O
problema é que o finlandês não
tem uma Ferrari nas mãos. E se
Schumacher um dia foi conhecido
como devorador de companheiros de equipe, agora já alcançou
estágio mais avançado: o alemão
devora qualquer um que não tenha um carro igual ao dele.
A verdade é que Schumacher
faria um bem danado à concorrência se resolvesse ir cuidar das
crianças e dos cachorros. Pior, para a maioria é a única esperança.
Genética
À frente dos boxes da Ferrari na Bélgica, uma faixa escrita em alemão pendurada nas arquibancadas faz uma homenagem um tanto
estranha ao pentacampeão: "Corinna, quero ter um filho seu". Como se sabe, Corinna é a mãe dos filhos de Schumacher.
Verticalização
Dizem que existe um comprador de peso interessado nas ações da
Ferrari, lançadas recentemente nas Bolsas de Valores. A SLEC, a
holding criada por Ecclestone para gerenciar a F-1.
Outro lado
A cervejaria Foster's, responsável pela propaganda pintada nos asfaltos em Hungaroring e em Spa, promoveu uma reunião com os
chefes de equipe para tranquilizá-los. Segundo a empresa, foi utilizada uma tinta especial que não provocará alterações de aderência
na pista mesmo que a Bélgica seja submetida a um dilúvio.
E-mail mariante@uol.com.br
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