|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Amado e odiado, Muricy comete gafe no retorno
Técnico palmeirense fala em entrevista como se ainda comandasse o São Paulo
Borges, que tinha lançado críticas ao ex-chefe, é um dos primeiros a lhe estender a mão antes do Choque-Rei; torcida são-paulina racha
DA REPORTAGEM LOCAL
O reencontro de Muricy Ramalho com o Morumbi teve
muitos cumprimentos, algumas vaias e até uma gafe.
Da maioria são-paulina entre
os mais de 40 mil torcedores
que compareceram ao estádio,
o técnico do Palmeiras foi vítima das circunstâncias do jogo.
No início, um misto de silêncio com incredulidade por vê-lo
trajando o uniforme do arquirrival. No decorrer da partida,
ele quase não foi notado. No final do clássico, os mais exaltados o chamaram de "traíra".
Mas um sinal de que em muitos tricolores Muricy ainda
desperta sentimentos positivos
foi a pequena confusão que se
iniciou nas cadeiras amarelas
quando os apupos ao ex-comandante ganharam força.
Horas antes do clássico, a reportagem flagrou transtorno
semelhante em frente à praça
Roberto Gomes Pedrosa. Um fã
incondicional do técnico erguia
cartaz: "Muricy, você para nós é
o melhor técnico do mundo.
Assinado: são-paulinos".
Alguns descontentes com a
homenagem ameaçavam o torcedor até com agressão física,
enquanto outros o defendiam.
Protagonista do pré-jogo, o
tricampeão nacional pisou no
gramado após todos os demais
palmeirenses saírem do túnel.
Uma multidão de jornalistas
quase não o deixou caminhar
até o banco de reservas. Enquanto isso, Ricardo Gomes,
técnico do São Paulo, andava
sem ser incomodado pelo círculo central, onde foi cumprimentar o trio de arbitragem.
A expectativa pela recepção
dos atletas adversários também era enorme. Borges, um
dos que reclamaram publicamente do técnico, foi um dos
primeiros a lhe estender a mão.
Pouco a pouco, quase todos
os titulares repetiram o gesto.
Apenas o goleiro Rogério e o zagueiro André Dias deixaram a
saudação para o final do duelo.
De pé durante todo o clássico, Muricy permaneceu parte
da etapa inicial parado no canto
direito da área técnica em frente ao banco de reservas. Vez ou
outra, orientava o time e colocava os braços para trás.
No intervalo, cometeu uma
gafe. Em entrevista à rádio Jovem Pan, falou como se fosse
técnico do São Paulo. "O Cleiton Xavier está sendo muito sacrificado. Tem de marcar os jogadores do Palmeiras", disse,
ao ser questionado sobre as
condições físicas do camisa 10,
que atuou no sacrifício devido à
lesão no tornozelo direito.
No segundo tempo, ele se soltou mais. Esbravejou contra algumas faltas apitadas a favor do
oponente. Abria os braços, depois punha as mãos na cintura.
Quando o juiz apitou o final
do jogo, caminhou até o meio
do campo para falar com Rogério. Virou para trás e acenou em
direção aos palmeirenses.
Já no vestiário, enquanto
concedia entrevista, seu auxiliar, Tata, combinava o caminho da volta com os seguranças
do clube. "Pode ir, a gente não
vai com o ônibus. Moramos
aqui perto", afirmou.
Mesmo mais distante do Morumbi, Muricy continua por
perto.
(CAROLINA ARAÚJO, RENAN CACIOLI E RODRIGO BUENO)
Texto Anterior: Rogério vira recordista do Nacional Próximo Texto: Treinador dá alfinetada no ex-clube Índice
|