São Paulo, segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Amado e odiado, Muricy comete gafe no retorno

Técnico palmeirense fala em entrevista como se ainda comandasse o São Paulo

Borges, que tinha lançado críticas ao ex-chefe, é um dos primeiros a lhe estender a mão antes do Choque-Rei; torcida são-paulina racha

DA REPORTAGEM LOCAL

O reencontro de Muricy Ramalho com o Morumbi teve muitos cumprimentos, algumas vaias e até uma gafe.
Da maioria são-paulina entre os mais de 40 mil torcedores que compareceram ao estádio, o técnico do Palmeiras foi vítima das circunstâncias do jogo.
No início, um misto de silêncio com incredulidade por vê-lo trajando o uniforme do arquirrival. No decorrer da partida, ele quase não foi notado. No final do clássico, os mais exaltados o chamaram de "traíra".
Mas um sinal de que em muitos tricolores Muricy ainda desperta sentimentos positivos foi a pequena confusão que se iniciou nas cadeiras amarelas quando os apupos ao ex-comandante ganharam força.
Horas antes do clássico, a reportagem flagrou transtorno semelhante em frente à praça Roberto Gomes Pedrosa. Um fã incondicional do técnico erguia cartaz: "Muricy, você para nós é o melhor técnico do mundo. Assinado: são-paulinos".
Alguns descontentes com a homenagem ameaçavam o torcedor até com agressão física, enquanto outros o defendiam.
Protagonista do pré-jogo, o tricampeão nacional pisou no gramado após todos os demais palmeirenses saírem do túnel.
Uma multidão de jornalistas quase não o deixou caminhar até o banco de reservas. Enquanto isso, Ricardo Gomes, técnico do São Paulo, andava sem ser incomodado pelo círculo central, onde foi cumprimentar o trio de arbitragem.
A expectativa pela recepção dos atletas adversários também era enorme. Borges, um dos que reclamaram publicamente do técnico, foi um dos primeiros a lhe estender a mão.
Pouco a pouco, quase todos os titulares repetiram o gesto. Apenas o goleiro Rogério e o zagueiro André Dias deixaram a saudação para o final do duelo.
De pé durante todo o clássico, Muricy permaneceu parte da etapa inicial parado no canto direito da área técnica em frente ao banco de reservas. Vez ou outra, orientava o time e colocava os braços para trás.
No intervalo, cometeu uma gafe. Em entrevista à rádio Jovem Pan, falou como se fosse técnico do São Paulo. "O Cleiton Xavier está sendo muito sacrificado. Tem de marcar os jogadores do Palmeiras", disse, ao ser questionado sobre as condições físicas do camisa 10, que atuou no sacrifício devido à lesão no tornozelo direito.
No segundo tempo, ele se soltou mais. Esbravejou contra algumas faltas apitadas a favor do oponente. Abria os braços, depois punha as mãos na cintura.
Quando o juiz apitou o final do jogo, caminhou até o meio do campo para falar com Rogério. Virou para trás e acenou em direção aos palmeirenses.
Já no vestiário, enquanto concedia entrevista, seu auxiliar, Tata, combinava o caminho da volta com os seguranças do clube. "Pode ir, a gente não vai com o ônibus. Moramos aqui perto", afirmou.
Mesmo mais distante do Morumbi, Muricy continua por perto. (CAROLINA ARAÚJO, RENAN CACIOLI E RODRIGO BUENO)


Texto Anterior: Rogério vira recordista do Nacional
Próximo Texto: Treinador dá alfinetada no ex-clube
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.