São Paulo, segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Prancheta do PVC

Clássico sem ambição

HÁ FRASES emblemáticas, que, quando ditas pelos jogadores, indicam o acerto ou o erro da preparação de uma equipe. Minutos antes do clássico São Paulo x Palmeiras, o zagueiro André Dias disse esperar o Palmeiras defensivo.
Liste os acertos e os erros dos primeiros oito jogos da gestão Muricy Ramalho. Em nenhum duelo como visitante, o time se encolheu. Seja na vitória contra o Sport, seja no empate com o Atlético-MG, seja na derrota para o Coritiba, o Palmeiras forçou a marcação no campo de ataque nos primeiros 20 minutos.
Contra o Atlético, marcando na frente, o time levou um contra-ataque que resultou no gol de Éder Luís. Contra o São Paulo, quase aconteceu o mesmo. Com o time inteiro na frente, a bola lançada para Washington por pouco não surpreende o goleiro Marcos.
Ou você vê futebol sempre ou corre o risco de fazer análise equivocada. Como dizer que o Palmeiras iria ao Morumbi com postura defensiva.
O que determinou o empate no clássico foi a falta de interesse na vitória nos dois lados. A ambição que sobra à política palmeirense faltou ao time. Faltou também ao São Paulo, como se o empate sem gols fosse bom para os dois lados.
O São Paulo, no entanto, melhorou na partida a partir dos 25min do primeiro tempo, com a boa atuação de Richarlyson e os deslocamentos de Dagoberto no ataque.
Escalado como atacante para fazer dupla com Washington, Dagoberto rodava o campo, voltava à intermediária, incomodava os marcadores Pierre e Edmilson. Também por isso, Muricy trocou Ortigoza por Souza, no intervalo. Abriu mão do sistema com dois meias e dois volantes, usado somente na primeira das três campanhas de títulos brasileiros pelo São Paulo. "Mudamos, porque o time ficou manjado", diz, sobre o Tricolor de 2006.
É bom ter jogadores que fazem diferença num lance, como Diego Souza e Cleiton Xavier. Ontem, eles fracassaram. Diego foi vencido pela marcação de Richarlyson, no primeiro tempo, pela de Renato Silva, no segundo. Cleiton Xavier foi batido por Arouca, na segunda etapa -e pela lesão no tornozelo. Sem os maiores talentos, sumidos -Hernanes está nessa lista-, o clássico ficou insosso.

SOUZA X EDMILSON
Souza é um carrapato, desarma demais, mais do que Pierre, mas tem defeitos no passe. Edmilson entra no time titular porque, supõe-se, é melhor nesse aspecto. Mas não é. Aos 29min, um contra-ataque quase resultou em gol de Washington, lance que se originou em saída de bola equivocada do camisa 3.

BORGES X WASHINGTON
Borges entrou no lugar de Washington aos 11min do segundo tempo. Há são-paulinos que não suportam ver o atacante titular matar bolas de canela. Refinamento à parte, é ele quem leva mais perigo. Borges se movimenta, abre espaços, fez gols decisivos em 2008. Mas hoje quem finaliza é o camisa 9.

FIASCO DE LEONARDO
Alguém dirá que o Milan tem um time muito inferior ao da Inter e isso explica a goleada de 4 a 0 sofrida no clássico de anteontem. Entretanto há fragilidades graves no trabalho de Leonardo, como deixar Ronaldinho adiantado, quase como um centroavante, com Borriello de um lado e Alexandre Pato de outro. Quem fazia a ligação do Milan era o volante Flamini. E só. Ciro Ferrara, líder com a Juventus, começa a carreira de uma maneira mais segura.

Texto Anterior: A rodada: Inter atropela o Goiás e assume o terceiro lugar
Próximo Texto: Garotos usam a cabeça no triunfo do Santos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.