São Paulo, sexta-feira, 31 de outubro de 2008

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XICO SÁ

Detalhes tão pequenos


É a vez de outros adotarem as canções do Rei. Marcos, para acordar o time e o chefe, vai puxar "Todos estão surdos"

AMIGO TORCEDOR , amigo secador, depois do "não pára, não pára, não pára", versão de "Amigo", e de "O Portão", também de Roberto e Erasmo, o hino que embalou o mesmo Corinthians de volta à Primeirona, chegou a vez de outros fanáticos adotarem as canções do Rei e do Tremendão como seus motes celebrativos. Tem música para todo mundo, inclusive para o Ipatinga, que pode mandar essa, de cara: "O show já terminou/ Vamos voltar à realidade/ Não precisamos mais/ Usar aquela maquiagem/ Que escondeu de nós/ Uma verdade que insistimos em não ver...".
A galera do Vasco pode refletir sobre o passado maléfico e euricoso e assoviar a canção que motivou o batismo maluco de um dos seus zagueiros: "Essas recordações me matam/ Por isso eu venho aqui". Qualé a música, maestro? "O Divã", óbvio, para lá de ululante, educativo e freudiano. Da Lusa para baixo todos podem cantar em uníssono a genial "Querem Acabar Comigo".
No São Paulo, o Muricy aos poucos conseguiu fazer um encaixe digno do acerto dos corpos dos amantes na letra de "Côncavo e Convexo": "Nosso amor é assim/ Pra você e pra mim/ Como manda a receita/ Nossas curvas se acham/ Nossas formas se encaixam/ Na medida perfeita...".
Se bem que os tricolores já estão ensaiando no banheiro aquela que diz: "Das lembranças/ Que eu trago na vida [os canecos nacionais e as Libertadores]/ Você é a saudade/ Que eu gosto de ter/ Só assim, sinto você bem perto de mim.../ Outra vez...".
Aos gremistas resta uma jovem guarda à guisa de corajosa amostragem de que estão vivos e no jogo.
Que tal "Pode Vir Quente Que Eu Estou Fervendo?" Se bem que "Bebendo Vinho", do Wander Wildner, um clássico do Olímpico, mantém acesa a chama como uma milonga punk-brega capaz de ressuscitar defuntos. Ao Flamengo resta a crença de "A Montanha", afinal de contas tem ao seu lado a alma encantadora das ruas, capaz de mover tabelas e revirar torneios: "Eu vou seguir uma luz lá no alto eu vou ouvir/ Uma voz que me chama eu vou subir...".
Marcos, grande arqueiro do Palmeiras, vai puxar o coro, no meio da massa, de "Todos Estão Surdos", tentativa de acordar de vez o time e o chefe. No Mineirão, a torcida dos meninos que encantam, mas em alguns momentos também pisam nos astros distraídos, segue ao ritmo de "Cavalgada": "Estrelas mudam de lugar/ Chegam mais perto só pra ver/ E ainda brilham na manhã/ Depois do nosso adormecer...". Aos santistas, em um ano cujo épico é apenas não cair, resta uma ecológica: "As Baleias", símbolo do clube.
O Inter parecia favorito, mas foi obrigado a reconhecer que tudo estava certo "como dois e dois são cinco". Algo semelhante perceberam os coxas-brancas. Os rubro-negros da Ilha de Lost só pensam na Libertadores e avisam: "Um Leão Está Solto Nas Ruas", de novo e sempre Sport.
Os botafoguenses chegaram a ensaiar um "pode vir quente que estou fervendo", mas foram atropelados, inclusive pelas arbitragens. O Galo fica na turma do "importante é que emoções eu vivi", nada mais.
E, para fechar, um Roberto especial para o Ronaldo, para o Adriano e todos os bons baladeiros dos campos: "...tudo que eu gosto/ É ilegal, é imoral ou engorda!?".

xico.folha@uol.com.br



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