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Após confirmar o doping, Daiane tem defesa fraca
Ginasta afirma que estava inelegível para se submeter a exame por causa do afastamento dos treinos e da seleção
Confederação de ginástica diz desconhecer que atleta, que alega fazer tratamento para gordura localizada, usava substância proibida
DA REPORTAGEM LOCAL
O caso da ginasta Daiane dos
Santos é um exemplo do desconhecimento por parte dos atletas e dirigentes brasileiros das
regras que regem o esporte
quando o assunto é doping.
Após o anúncio da Federação
Internacional de Ginástica, ontem, de que a ginasta brasileira
testara positivo para o diurético furosemida -o 26º caso de
doping no país no ano-, Daiane, seu advogado Cristian Rios,
uma junta médica e os dirigentes do Esporte Clube Pinheiros
discutiram qual seria a estratégia de defesa em uma reunião.
A atleta alega que, após duas
cirurgias no joelho, comunicou,
por meio de carta oficial de seu
clube, acompanhada de diagnóstico do médico Wagner
Castropil, o seu afastamento
dos treinos e competições.
Assim, no entendimento da
defesa, Daiane não estaria apta
para se submeter a exames.
"Com base nessas informações, a Confederação Brasileira
de Ginástica excluiu Daiane da
seleção brasileira permanente,
em 23 de outubro de 2008, data
que a atleta se tornou inelegível
para a realização de exames antidopings", comunicou ontem o
Pinheiros. "Cumpria à confederação, também, notificar a
Federação Internacional de Ginástica sobre o histórico e a situação da atleta", seguiu a nota.
Mas o fato de a atleta estar fora da seleção brasileira não a
torna inelegível. Isso ocorre só
em caso de aposentadoria.
"Não procede [ela estar inelegível]. Ela poderia apresentar, por meio de laudo médico,
uma isenção de uso terapêutico
à confederação e à federação",
afirma o advogado Thomaz
Mattos de Paiva, da agência antidoping da Confederação Brasileira de Atletismo.
"A Daiane conhece bem as
regras e não pode alegar que
desconhecia a substância", diz
Eliane Martins, que supervisionou a ginasta de 2002 a 2008.
A atual presidente da CBG,
Maria Luciene Resende, declara que a entidade não foi informada do uso do diurético. "É
triste. E espero que não seja
verdade nem denigra a imagem
dela. Sabíamos das cirurgias,
mas não dessa medicação."
O advogado de Daiane diz
que a atleta, no dia do exame,
informou que estava fazendo
uso de medicação. "A federação
não flagrou Daiane. Só confirmou o que ela disse a eles."
Segundo Diego Hypólito, ele,
Daiane e Jade Barbosa foram
testados no mesmo dia, em julho. "Coletaram só urina. Eu estava na academia, a Jade, no
Flamengo, e a Daiane, em São
Paulo. O estranho foi terem feito exame na Daiane, que não
competia. Ela não fez para se
dopar, tenho certeza disso."
Ingenuidade ou não, a atleta
admite ter usado a substância
em tratamento estético que faz,
com médicos particulares, para
reduzir gordura localizada.
Ela tem até o dia 13 para
apresentar sua defesa. Segundo
o regulamento, pode ser punida
com até dois anos de suspensão. "A carta do Pinheiros poderá ser apresentada em sua
defesa e servir como um atenuante", afirmou Paiva.
Neste primeiro momento, a
ginasta goza de privilégio. No
último mês, o Pinheiros rompeu contrato com a triatleta
Mariana Ohata, que foi à Olimpíada de Pequim-2008, após
ter sido flagrada com a mesma
substância.
(JOSÉ EDUARDO MARTINS E CRISTIANO CIPRIANO POMBO)
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