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São Paulo, quarta-feira, 31 de dezembro de 2003

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ATLETISMO

Fundista responsabiliza remédio para anemia por resultado no teste

Campeã da SS, Marizete é flagrada em antidoping

EDUARDO OHATA
GUILHERME ROSEGUINI
DA REPORTAGEM LOCAL

A atual campeã da São Silvestre está sob suspeita. O exame de urina realizado por Marizete de Paula Rezende na Meia-Maratona do Rio, em setembro, acusou a presença de eritropoietina, que melhora a oxigenação sanguínea.
O resultado da contraprova, que pode confirmar o doping por EPO -como a droga é conhecida-, não foi divulgado.
Marizete, 29, venceu a sétima edição do evento carioca, com 1h12min19. Em nota, a atleta alega que ainda não recebeu anúncio oficial sobre o doping. No mesmo documento, porém, conta que tomou um medicamento para controlar a anemia 13 dias antes da prova. E reconhece que o remédio poderia ter levado ao exame positivo. Se confirmado, ela se tornará a primeira campeã da São Silvestre detectada em um antidoping.
Eduardo de Rose, maior autoridade em doping do Brasil e que trabalhou na prova, garante que a amostra A de uma das três primeiras colocadas na meia-maratona apontou uso de doping.
Marizete já havia descartado a participação na São Silvestre deste ano, alegando contusão. A atleta afirma que está sendo prejudicada porque o resultado do exame B de sua urina ainda não foi divulgado. "Posso provar que foi involuntário", escreve a corredora.
A fundista, que vive em Araraquara, interior do Estado, não foi suspensa preventivamente pela Confederação Brasileira de Atletismo. A entidade informou que não se pronunciaria sobre o caso até ser notificada oficialmente.
Pelo procedimento padrão, a CBAt na sequência teria de avisar a corredora, que pode requisitar um julgamento.
Marizete não recebeu ainda o carro, que seria a premiação por ter vencido a Meia-Maratona do Rio. A Yescom, que organizou a competição, porém, diz desconhecer qualquer ocorrência de doping na prova e que o atraso na entrega de premiação é normal.
O prêmio só é liberado após o resultado do exame antidoping. A empresa alega que não entregou a premiação ao masculino também, o queniano Philip Rugut.
O comentário de Roberto Gesta, presidente da CBAt, dá indícios de que Marizete foi realmente flagrada. Ao ser questionado sobre o possível doping da fundista, Gesta afirmou que há alguns casos pendentes e que não poderia fazer comentários sobre eles enquanto não recebesse a amostra B.
Em todo caso de doping, a amostra A é enviada à Iaaf, entidade que comanda o atletismo. O atleta tem o direito de se defender em caso positivo. Se a Iaaf entender que houve doping, pede a contraprova B, quando o caso pode se tornar público e o atleta tem direito de requisitar julgamento.


Colaborou Adalberto Leister Filho, da Reportagem Local



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