TER 18 ANOS É a melhor coisa do mundo. Ter 18 anos é ter toda a energia, a rebeldia e a juventude dos menores de idade. E ser maior. Quando a gente faz 18 anos, a gente tem certeza de que o mundo é nosso. E é. Pelo menos aos 18 anos. Ter 18 anos é dar festas de arromba e convidar até desconhecidos para comemorar. Foi exatamente assim que dois destes três neurônios se conheceram! Numa festa de 18 anos num inferninho, em Copacabana!
Ter 18 anos é muito bom para desobedecer. E falar que vai parar de comer legumes e que vai tomar sereno, que vai andar sem casaco quando está gripado e que vai dormir pouco. Aos 18, a gente gosta de fazer tudo ao contrário. Só para contrariar.
E, na primeira briga familiar, nos sentimos o próprio dom Pedro 1º às margens do rio Ipiranga e gritamos: "Vocês não mandam mais em mim!".
Nos sentimos heróis, prontos para conquistar os 24 territórios. Aí escutamos aquela outra frase bem clássica.
"Enquanto você morar nesta casa, mandamos sim!" Fazer o quê? Ah, fazer o que todo mundo de 18 anos faz. Se trancar no quarto, colocar um som alto e se sentir incompreendido. Achar que é meio Artaud. Se sentir o próprio Antonin Artaud é totalmente 18! Até a síndica ligar pro seu apartamento e você ter que diminuir o som à força.
Também tem a parte ruim dos 18 (ou pelo menos dos nossos 18). Você percebe que as pessoas te acham meio ridículas e que podem te xingar na rua. Que aquele cara não é a fim de você e que essa é só a primeira de tantas desilusões. Que o colégio acabou, mas começou uma coisa pior: a faculdade. E que, daqui a poucos anos, vai se iniciar uma coisa ainda mais angustiante: o primeiro emprego.
Com 18 anos você tem certeza de que não é mais criança. E, aos 18 anos, esse pensamento é muito bom. Depois passa, e a gente começa a se lembrar de como era bom ser criança rebelde, e sente saudades. Mas, aos 18, a gente acha que ser criança datou. Ter 18 anos é brincar de ser adulto. E ser adulto muitas vezes é um infortúnio.

Momento de histeria

Ter 18 anos é destruir as evidências


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