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música
Máfia, futebol e rock
LÚCIO RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Se a piada que corre entre a molecada inglesa
está valendo, a banda
Kaiser Chiefs, de
Leeds, é mesmo uma
das mais sensacionais formações do novo rock britânico nos
últimos anos. No Reino Unido,
dizem, se os irmãos encrenqueiros do Oasis rogam praga
para cima de um grupo, é sinal
de que tal grupo é bom.
"O Kaiser Chiefs é um Blur
piorado", disse certa vez um venenoso Liam. A frase se mostrou muito clara: ele estava prevendo um tumulto.
Com seu primeiro
álbum, "Employment", de 2005, o
quinteto art-rock de
linguagem proletária abocanhou três
Brit Awards no ano
passado. O ano virou
e chegamos a "Yours
Truly, Angry Mob",
que está sendo lançado agora no Brasil,
o ardiloso e difícil segundo disco, invariavelmente o álbum da
cruel provação de
uma banda nova, que
vai ao estúdio cercada de pressões por
todos os lados.
O Folhateen conversou com o marcante guitarrista Andrew White, em entrevista por telefone
direto de Leeds.
FOLHA - Doeu fazer o
segundo CD?
ANDREW WHITE - Foi
moleza. Pressão zero, até porque ninguém ligaria
para isso, se houvesse. A gente
fez a banda para se divertir e até
agora não a considero um trabalho. Vejo esse novo disco como uma obra inteira, como se
fosse uma história contada da
primeira à última faixa. História sobre nós.
FOLHA - Quem é a máfia furiosa do
título do disco?
ANDREW - Depois que nossos
singles já estavam tocando bastante, voltamos a Leeds para
um show especial. E os 500 ingressos se esgotaram em dois
minutos. Um grupo de fãs não
conseguiu comprar as entradas
e, logo depois recebemos uma
carta malcriada, reclamando e
terminando com um "Atenciosamente, Máfia Furiosa". Resolvemos homenageá-los.
FOLHA - Reza a lenda que, depois
que o Liam Gallagher disse que vocês são um "Blur piorado", o Ricky
Wilson [vocalista do KC] encontrou
com ele e falou: "Desculpe-nos por
sermos um lixo". Isso é verdade?
ANDREW - Isso nunca aconteceu. Quer dizer, a história do
Liam, sim. A gente ama o Oasis
e acha o Liam um sujeito engraçado que diz coisas engraçadas.
FOLHA - Como um time de futebol
da África do Sul deu nome à banda?
ANDREW - Somos torcedores
doentes do Leeds. Em sua melhor fase em anos, o capitão do
time era o sul-africano Lucas
Radebe, ídolo do time e apelidado de "Chief", porque, além
de tomar conta da defesa, ele tinha vindo de um time chamado
Kaizer [com z]. Além de jogar
bem, ele lutava contra o Apartheid e merecia a homenagem.
FOLHA - Vocês já foram convidados
para tocar no Brasil alguma vez?
ANDREW - As pessoas que cuidam dos negócios da banda dizem que vamos tocar no Rio e
em São Paulo. Sei que é em outubro. Lembro que vibrei com a
notícia, porque ir ao Maracanã.
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