São Paulo, segunda-feira, 02 de junho de 2008

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livros

Japão imoral

O controverso mangá "Utena" tem até insinuação de incesto

DIOGO BERCITO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quando criança, Utena Tenjou quase se afogou -foi salva por um príncipe misterioso que lhe deu um anel com o símbolo de uma rosa vermelha.
Desde então, a menina é fascinada por seu salvador e vai aguardar seu prometido retorno enquanto se envolve em aventuras mágicas com direito a castelos e espadas poderosas.
Até aqui, o enredo do mangá "Utena" se parece com o modelo clássico de "mahou shoujo" -termo que pode ser traduzido por "garota mágica", estilo bastante popular no Japão.
Mas a história criada por Chiho Saito vai se complicando quanto mais fundo entramos nela. A heroína, por exemplo, não é feminina. Aliás, é o oposto disso. Utena se veste e se comporta como homem porque quer se parecer com seu príncipe encantado.
Sua masculinidade se desdobra em insinuações sutis de uma relação homossexual com a amiga Anthy Himemiya -que, diga-se de passagem, parece ter alguma espécie de envolvimento afetivo com seu próprio irmão.
O mangá "Utena", publicado no final dos anos 90 no Japão, não está sozinho na discussão dos papéis que homens e mulheres são levados a desempenhar na sociedade.
Na década de 50, Osamu Tezuka -considerado o pai do mangá moderno- desenhou "A Princesa e o Cavaleiro", sobre uma garota que, devido às trapalhadas de um anjo, recebe um coração masculino.
Na década de 70, fez sucesso o título "A Rosa de Versalhes" -história de uma menina criada como menino que entra para o exército e se torna guarda pessoal de Maria Antonieta, rainha da França na época da Revolução Francesa.
O traço de "Utena" é delicado e a história flui bem, como na maior parte dos shoujos. O mangá será lançado mensalmente pela editora JBC em dez edições, a R$ 5,90 cada uma.


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