|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
livros
Japão imoral
O controverso mangá "Utena" tem até insinuação de incesto
DIOGO BERCITO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Quando criança, Utena Tenjou quase se
afogou -foi salva
por um príncipe
misterioso que lhe
deu um anel com o
símbolo de uma rosa vermelha.
Desde então, a menina é fascinada por seu salvador e vai
aguardar seu prometido retorno enquanto se envolve em
aventuras mágicas com direito
a castelos e espadas poderosas.
Até aqui, o enredo do mangá
"Utena" se parece com o modelo clássico de "mahou shoujo"
-termo que pode ser traduzido
por "garota mágica", estilo bastante popular no Japão.
Mas a história criada por
Chiho Saito vai se complicando
quanto mais fundo entramos
nela. A heroína, por exemplo,
não é feminina. Aliás, é o oposto disso. Utena se veste e se
comporta como homem porque quer se parecer com seu
príncipe encantado.
Sua masculinidade se desdobra em insinuações sutis de
uma relação homossexual com
a amiga Anthy Himemiya
-que, diga-se de passagem, parece ter alguma espécie de envolvimento afetivo com seu
próprio irmão.
O mangá "Utena", publicado
no final dos anos 90 no Japão,
não está sozinho na discussão
dos papéis que homens e mulheres são levados a desempenhar na sociedade.
Na década de 50, Osamu Tezuka -considerado o pai do
mangá moderno- desenhou
"A Princesa e o Cavaleiro", sobre uma garota que, devido às
trapalhadas de um anjo, recebe
um coração masculino.
Na década de 70, fez sucesso
o título "A Rosa de Versalhes"
-história de uma menina criada como menino que entra para
o exército e se torna guarda
pessoal de Maria Antonieta,
rainha da França na época da
Revolução Francesa.
O traço de "Utena" é delicado
e a história flui bem, como na
maior parte dos shoujos. O
mangá será lançado mensalmente pela editora JBC em dez
edições, a R$ 5,90 cada uma.
Texto Anterior: Livros: Clássicos enquadrados Próximo Texto: +Livros Índice
|