COMEÇOU NA semana passada a 11ª edição do File (Festival Internacional de Linguagem Eletrônica), o maior evento brasileiro sobre usos criativos da tecnologia (incluindo games, instalações, "media art" etc.).
Enquanto outros países latino-americanos só criaram seus circuitos de arte e tecnologia em meados dos anos 2000, o File já rompeu uma década de atividades.
Tanto o File quanto outros festivais afins enfrentam um dilema. A julgar por grandes eventos internacionais, como o Ars Electronica, na Áustria, há uma sensação de esgotamento.
Muitas obras parecem demonstração: dizem algo sobre o uso da tecnologia, mas quase nada sobre arte.
Isso é sintoma de uma certa fadiga do virtual.
Os projetos mais interessantes passam a ser aqueles em que a tecnologia serve de ferramenta para as pessoas fazerem alguma coisa "real". Neles, a tecnologia praticamente desaparece. Em primeiro plano, ficam as novas relações que ela torna possíveis.
Mas o File traz novidades bacanas. Por exemplo, saiu para a rua e ocupou vários pontos da av. Paulista. É legal ver as obras fugindo do espaço restrito da galeria.
É bom também ver que essa é a edição do evento com o maior número de brasileiros com obras expostas.
Há desde a ferramenta para fazer esculturas digitais de Jarbas Jacôme até a obra de Ricardo Barreto (fundador do evento), que inventou duas camas que transmitem os movimentos de quem deita nelas de uma para a outra.
Impressiona especialmente o número de jovens pernambucanos.
Parece até uma "máfia do bolo de rolo" (a iguaria da terra de Chico Science).
Recife tem construído um ambiente propício para experimentações tecnológicas graças ao Porto Digital e à UFPE (Universidade Federal de Pernambuco)
Essa valorização de trabalhos locais pode ser um bom antídoto contra a repetição que ameaça tomar conta do circuito global de arte e tecnologia.


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