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ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR - cby2k@uol.com.br
Indie estatal mata o "do it yourself"
QUANDO A BANDA paulistana Cansei de Ser Sexy começou a fazer sucesso em
Londres, em 2007, foi aquela festa de mídia aqui no
Brasil. A festa foi exagerada, mas o sucesso era real.
Pela primeira vez desde o
Sepultura, jovens músicos
brasileiros metiam as caras
na gringa e conseguiam
destaque. Começaram pelos EUA, não virou. Mudaram o foco pra Inglaterra.
O som era tosco, ninguém
era bonito, e a tradição do
Brasil naquele tipo de som
era zero. Ainda assim, deu
supercerto.
Rolou até uma polêmica
aqui na coluna em 2007. Reclamei dos excessos da mídia amiga do CSS, e o baterista escreveu na bronca para o Folhateen.
Nem sei se o CSS ainda
existe. Mas é impressionante como o modelo deles, de
repente e em tão pouco tempo, ficou velho no Brasil. Se
arriscar no exterior, ralar
como condenados num
mercado hostil, para quê?
Afinal, impera hoje no
Brasil o indie estatal. O modelo não é o de excursionar
em clubes, como nos EUA e
na Europa, e criar uma cena
local. É de grandes festivais,
com trocentas bandas, bancados por dinheiro público.
Amigos cuja opinião respeito dizem que estou exagerando. Que perigoso mesmo é o empreiteiro biliardário que pega empréstimo no
BNDES a juros ridículos.
Que, afinal, os indies estatais são só um bando de caipiras tentando se dar bem
com uma graninha do governo. E que no Brasil é tudo assim mesmo.
Não acho. Julgo os indies
estatais, em suas mais variadas vertentes, oportunistas,
rancorosos e nacionalistas
no pior sentido da palavra.
Sei lá o que essa gente pode
fazer no poder.
Nunca imaginei, mas tenho saudade do "do it yourself". Tenho saudade da ousadia planetária do CSS.
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