São Paulo, segunda-feira, 02 de agosto de 2010

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ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR - cby2k@uol.com.br

Indie estatal mata o "do it yourself"

QUANDO A BANDA paulistana Cansei de Ser Sexy começou a fazer sucesso em Londres, em 2007, foi aquela festa de mídia aqui no Brasil. A festa foi exagerada, mas o sucesso era real.
Pela primeira vez desde o Sepultura, jovens músicos brasileiros metiam as caras na gringa e conseguiam destaque. Começaram pelos EUA, não virou. Mudaram o foco pra Inglaterra.
O som era tosco, ninguém era bonito, e a tradição do Brasil naquele tipo de som era zero. Ainda assim, deu supercerto.
Rolou até uma polêmica aqui na coluna em 2007. Reclamei dos excessos da mídia amiga do CSS, e o baterista escreveu na bronca para o Folhateen.
Nem sei se o CSS ainda existe. Mas é impressionante como o modelo deles, de repente e em tão pouco tempo, ficou velho no Brasil. Se arriscar no exterior, ralar como condenados num mercado hostil, para quê?
Afinal, impera hoje no Brasil o indie estatal. O modelo não é o de excursionar em clubes, como nos EUA e na Europa, e criar uma cena local. É de grandes festivais, com trocentas bandas, bancados por dinheiro público.
Amigos cuja opinião respeito dizem que estou exagerando. Que perigoso mesmo é o empreiteiro biliardário que pega empréstimo no BNDES a juros ridículos. Que, afinal, os indies estatais são só um bando de caipiras tentando se dar bem com uma graninha do governo. E que no Brasil é tudo assim mesmo.
Não acho. Julgo os indies estatais, em suas mais variadas vertentes, oportunistas, rancorosos e nacionalistas no pior sentido da palavra. Sei lá o que essa gente pode fazer no poder.
Nunca imaginei, mas tenho saudade do "do it yourself". Tenho saudade da ousadia planetária do CSS.


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