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ELEIÇÕES
Manifesto propõe ao próximo governo um plano para os jovens
Um país sem futuro
Divulgação
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Cena de "Uma Onda no Ar", filme que estréia nesta sexta-feira, em São Paulo |
FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL
O jovem brasileiro -o chamado
futuro do país- hoje está assim: estuda menos do que deveria
ou não estuda, mata e morre aos
montes, não encontra o emprego
que quer (nem o que não quer) e
conhece de perto a pobreza ou a
miséria. Num meio tão adverso, é
difícil manter a certeza de ser capaz
de desenvolver potenciais. O futuro do país desanima já no presente.
Só os números já gritam: 4,1% da
população chega à universidade,
cerca de 25% dos jovens estão desempregados, os assassinatos de
jovens entre 15 e 24 anos aumentaram
48% em menos de dez anos.
Para buscar propostas concretas
para mais esse apartheid brasileiro,
um conjunto de instituições, capitaneado pelo Instituto Ayrton Senna, elaborou o manifesto Por uma
Política para a Juventude, que será
entregue, na próxima quarta-feira
(5/9), aos candidatos à Presidência.
"A onda jovem está em curso.
São 34 milhões de jovens entre 15 e
24 anos no país. Isso equivale a
uma Espanha, a dois Chiles ou a
cinco Áustrias. É uma nação jovem
que estamos jogando no lixo porque não há nada consistente preparado para viabilizá-los", critica Viviane Senna, 45, presidente do Instituto Ayrton Senna.
Durante o evento, será exibido o
filme "Uma Onda no Ar", de Helvécio Ratton, que conta a história
da luta travada por jovens da periferia de Belo Horizonte (MG) para
criar a rádio Favela, que se tornou
um veículo de educação, incentivo
e denúncia social tanto da comunidade carente como da classe média
da cidade. "O que mais ouvimos
são histórias de fracasso do Brasil,
principalmente ligadas à periferia.
Quis fazer um filme que tratasse de
uma questão urgente no país e que
tivesse um caráter de fábula", explica Ratton.
Agenda
O documento -criado a partir
da consulta de vários segmentos da
sociedade brasileira, inclusive dos
jovens- propõe a definição por
parte do próximo governo de uma
agenda de políticas que viabilize o
futuro das novas gerações.
"O governo precisa estabelecer
metas para os jovens como as que
formula para a agenda econômica
do país", defende Viviane.
O manifesto destaca a urgência
do problema do jovem no país e
alerta que não é possível pensar em
uma política de combate à violência sem realizar uma política jovem. Aponta também para a importância de substituir os atuais
programas de juventude, pontuais
e fragmentados, por uma ampla estratégia articulada e convergente.
Para que tudo isso saia do papel,
só há um remédio: a articulação
dos jovens na defesa de seus próprios direitos e interesses. "O jovem deveria acompanhar a implementação ou não de uma agenda
de trabalho do governo. Se a juventude observar e acompanhar a viabilização de uma política voltada a
ela da mesma maneira como vigiamos a seleção brasileira, teríamos
de fato uma agenda implementada.
É uma questão de torcida e organização", completa.
Participaram da elaboração do
manifesto, além do IAS, a Unesco,
a Federação e o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo, o Gife
(Grupo de Institutos, Fundações e
Empresas), a CNBB (Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil) e a
Quimera Filmes.
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