São Paulo, segunda-feira, 02 de setembro de 2002

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ELEIÇÕES

Manifesto propõe ao próximo governo um plano para os jovens

Um país sem futuro

Divulgação
Cena de "Uma Onda no Ar", filme que estréia nesta sexta-feira, em São Paulo


FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL

O jovem brasileiro -o chamado futuro do país- hoje está assim: estuda menos do que deveria ou não estuda, mata e morre aos montes, não encontra o emprego que quer (nem o que não quer) e conhece de perto a pobreza ou a miséria. Num meio tão adverso, é difícil manter a certeza de ser capaz de desenvolver potenciais. O futuro do país desanima já no presente.
Só os números já gritam: 4,1% da população chega à universidade, cerca de 25% dos jovens estão desempregados, os assassinatos de jovens entre 15 e 24 anos aumentaram 48% em menos de dez anos.
Para buscar propostas concretas para mais esse apartheid brasileiro, um conjunto de instituições, capitaneado pelo Instituto Ayrton Senna, elaborou o manifesto Por uma Política para a Juventude, que será entregue, na próxima quarta-feira (5/9), aos candidatos à Presidência.
"A onda jovem está em curso. São 34 milhões de jovens entre 15 e 24 anos no país. Isso equivale a uma Espanha, a dois Chiles ou a cinco Áustrias. É uma nação jovem que estamos jogando no lixo porque não há nada consistente preparado para viabilizá-los", critica Viviane Senna, 45, presidente do Instituto Ayrton Senna.
Durante o evento, será exibido o filme "Uma Onda no Ar", de Helvécio Ratton, que conta a história da luta travada por jovens da periferia de Belo Horizonte (MG) para criar a rádio Favela, que se tornou um veículo de educação, incentivo e denúncia social tanto da comunidade carente como da classe média da cidade. "O que mais ouvimos são histórias de fracasso do Brasil, principalmente ligadas à periferia. Quis fazer um filme que tratasse de uma questão urgente no país e que tivesse um caráter de fábula", explica Ratton.

Agenda
O documento -criado a partir da consulta de vários segmentos da sociedade brasileira, inclusive dos jovens- propõe a definição por parte do próximo governo de uma agenda de políticas que viabilize o futuro das novas gerações.
"O governo precisa estabelecer metas para os jovens como as que formula para a agenda econômica do país", defende Viviane.
O manifesto destaca a urgência do problema do jovem no país e alerta que não é possível pensar em uma política de combate à violência sem realizar uma política jovem. Aponta também para a importância de substituir os atuais programas de juventude, pontuais e fragmentados, por uma ampla estratégia articulada e convergente.
Para que tudo isso saia do papel, só há um remédio: a articulação dos jovens na defesa de seus próprios direitos e interesses. "O jovem deveria acompanhar a implementação ou não de uma agenda de trabalho do governo. Se a juventude observar e acompanhar a viabilização de uma política voltada a ela da mesma maneira como vigiamos a seleção brasileira, teríamos de fato uma agenda implementada. É uma questão de torcida e organização", completa.
Participaram da elaboração do manifesto, além do IAS, a Unesco, a Federação e o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo, o Gife (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas), a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e a Quimera Filmes.



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