São Paulo, segunda-feira, 02 de setembro de 2002

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Obstáculos estão na escola e nas ruas

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Toda escola precisa estar preparada para receber alunos com deficiências. Pelo menos é o que diz a Constituição brasileira (Lei 7.853, de 1989). "O problema é que muitas não têm estrutura arquitetônica. Faltam rampas e outras coisas simples, como bebedouros, que não são instalados em altura ideal para o caso de quem anda em cadeira de rodas", diz Eugênia Gonzaga Fávero, 33, procuradora da República.
Eugênia comenta que o ideal seria que as escolas, ao receberem matrículas de portadores de deficiência, encaminhassem pedidos de materiais específicos (como máquinas e impressoras de braile, no caso de cegos).
O Censo 2000, do IBGE, estima que o Brasil tenha mais de 24,5 milhões de portadores de deficiência, incluindo todos os tipos -física, mental, visual, auditiva, entre outros. Ou seja, cerca de 14,5% da população enfrenta algum tipo de restrição no seu dia-a-dia.
Em relação às barreiras urbanas, Gilberto Frachetta, 61, presidente do Conselho Municipal da Pessoa Deficiente, diz que as ruas de São Paulo não oferecem segurança aos deficientes. "Há um projeto em andamento que vai oferecer um serviço de denúncias por telefone aos deficientes. São eles que vão nos apresentar os problemas da cidade e indicar os lugares a serem reparados", diz.
João Moraes Felippe, 48, professor de orientação e mobilidade da Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual, lembra que as pessoas dificultam o livre trânsito dos cegos quando deixam montes de areia nas calçadas e bueiros abertos ou quando fazem buracos. "O cego vai se virar, claro, mas o deslocamento dele fica muito mais penoso".
Desde agosto de 2001, a jornalista Cláudia Werneck coordena o Quem Cabe no seu TODOS?, projeto de oficinas de integração das quais já participaram 1.200 adolescentes. O objetivo das oficinas é fazer os jovens refletirem sobre o conceito de inclusão. "Há pessoas que nunca estiveram com um cego, um surdo. Nas oficinas, eles debatem, participam de jogos e entendem uns aos outros", diz Cláudia.
"Como as escolas não lidam com a diversidade e não falam muito sobre o assunto, as pessoas têm dúvidas de como agir diante de um cego, de um surdo", diz o psiquiatra José Ferreira Belisario Filho, 39, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria e Neurologia Infantil. (KC)


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