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CINEMA
Sob nova direção
Munidos dos mais simples equipamentos de vídeo, adolescentes soltam
a imaginação por trás de câmeras de vídeo e brincam de fazer cinema
Eduardo Knapp/Folha Imagem
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Danilo Godoy, 16, que já ganhou um prêmio no Festival do Minuto |
LETICIA DE CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL
Em seu quarto, Danilo Godoy, 16, tem
uma coleção de filmes de fazer inveja a muito cinéfilo. São cerca de 200
títulos em DVD, incluindo todos os filmes
vencedores do Oscar desde a primeira premiação da Academia.
O prazer em assistir a filmes se transformou em vontade de fazer os seus próprios.
Danilo já dirigiu dois vídeos, escreveu dois
roteiros para filmes de longa-metragem e
um para um curta.
No precoce currículo de cineasta, o estudante do segundo ano do ensino médio
tem até um prêmio, o do júri popular do
Festival do Minuto, por "O Pequeno All",
vídeo de animação que narra a história de
um apaixonado casal de tênis All Star que
tem um filhinho após uma noite de amor.
Gravado com uma simples câmera fotográfica digital, o vídeo consumiu três dias
de trabalho, apesar de sua duração curtíssima, de um minuto. Cada imagem corresponde a uma foto.
Depois desse primeiro sucesso, Danilo
dirigiu e editou também um vídeo para um
trabalho escolar, baseado no livro "A Farsa
de Inês Pereira", do escritor português do
século 16 Gil Vicente. Na produção, a personagem virou uma prostituta que, cansada da vida no bordel, procura um marido
para se casar.
Autodidata, Danilo nunca fez curso de cinema. Apenas pesquisou na internet, baixando roteiros de filmes (em sites como
sfy.ru e scriptcrawler.net), e leu livros (como o "Manual do Roteiro", de Syd Field).
"O mais importante é assistir a muitos filmes e prestar atenção na linguagem dos diretores", diz o jovem cineasta.
Entre seus filmes favoritos, ele cita "Magnolia" (1999), de Paul Thomas Anderson,
"Encontros e Desencontros" (2003), de Sofia Coppola, e "Cidade dos Sonhos" (2001),
de David Lynch.
Também cinéfila, Ana Bia Crespo, 16, é
capaz de assistir a até três filmes seguidos
no mesmo dia, dos mais variados gêneros.
Ela já dirigiu cinco vídeos para trabalhos
escolares e montou uma produtora com
mais seis colegas da escola, a Oompa
Loompa Filmes (www.oompaloompafil
mes.cjb). Cada integrante tem uma função
definida, como "diretor do departamento
de arte", "produção" e até "contra-regra."
Fã de Sofia Coppola, Fernando Meirelles
e Stanley Kubrick, Ana Bia dirige e escreve
os roteiros dos projetos do grupo.
A técnica para editar e captar as imagens
numa câmera digital, que ela ganhou quando fez 15 anos, Ana Bia aprendeu sozinha.
"Eu uso o programa de edição mais básico
que existe, o Windows Movie Maker, e
aprendi mexendo, fuçando mesmo", diz.
Terror trash
Felippe Cordeiro, 20, contou com a ajuda
da internet para divulgar seu primeiro filme, feito quando ele tinha 17. "Carnifissono" é um terror trash sobre um grupo de
amigos que viaja para uma casa de campo e
se depara com um serial killer.
Feito da maneira mais artesanal possível,
o filme fez sucesso, ganhou comunidade no
Orkut e chegou até a ser vendido em DVD
para os amigos mais animados. A empolgação foi tanta que o curta ganhou uma
continuação, "Carnifinsonia", que narra a
volta do misterioso assassino para assombrar a turma de amigos.
Hoje cursando o terceiro ano da faculdade de rádio e TV, Felippe tem projetos mais
ousados. Pretende rodar, ainda neste ano,
um curta sobre a passagem da adolescência
para a vida adulta, sob a ótica de um casal
de ex-namorados.
O filme tem até orçamento, calculado em
R$ 6.000, para dar conta do cachê dos atores e de alguns profissionais. "Não dá para
ficar trabalhando só com os amigos. Para
fazer um filme, é preciso uma relação mais
séria, profissional", afirma.
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