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Álvaro Pereira Júnior
Ficar adulto, jamais
Faço 43 anos nesta semana, o que seria motivo de
certa vergonha para alguém que ainda se interessa por cultura jovem,
escreve em um caderno para adolescentes e ainda usa tênis All Star.
Mas, graças a uma reportagem recente da revista "New York", posso,
pelo menos, dizer: "Não estou sozinho". A reportagem fala do fenômeno dos "grups" (forma reduzida
de "grown-ups", adultos). São pessoas casadas, a maioria com filhos e
algum dinheiro no banco. Mas que
compram roupas em lojas bacanas
para jovens, passam o dia com o
iPod plugado nos ouvidos, baixaram a nova canção dos Yeah Yeah
Yeahs e se recusam a trabalhar em
escritórios e usar calças de pregas.
Muitos atingiram estabilidade financeira com empregos "normais".
Mas hoje, em torno dos 40, decidiram pular fora do triturador corporativo. Não têm vergonha de ficar
na primeira fila de um show de uma
banda supernova e, muitas vezes,
até tocam nessa banda supernova.
Adam Sternbergh, o autor do texto, argumenta que o século 21 marca, de certo modo, o fim do tal conflito de gerações (em inglês, "generation gap"). Segundo ele, essa seria
a primeira vez na história da música
pop que pais e filhos têm o mesmo
gosto. Exemplo: o filho gosta de Interpol, que soa exatamente igual ao
Joy Division, que era a banda de que
seu pai gostava nos anos 80. O pai,
portanto, gosta de Interpol também.
Um executivo do canal musical
VH1 declara: "Estive no festival de Coachella no ano passado e as duas bandas
que o pessoal mais curtiu foram Gang of Four e New Order". O repórter conclui:
"Não é de admirar que os "grups" de hoje gostem de música indie: ela é exatamente igual à música indie de 20 anos atrás".
O roteirista de humor Michael Raunch, 38, resume a história: "Vejo uns moleques que parecem ter uns 12 anos, e a gente assiste aos mesmo filmes, vê os mesmos programas de TV e escuta as mesmas músicas. Não sei se isso é mais assustador para eles ou para mim".
Confira: http://newyorkmetro.com/news/features/16529/index.html
Tchau, envelheço na cidade. Só não sei em qual.
PLAY - "Ceremony",
New Order
Hoje, revival dos anos 80. Primeiro
trabalho do New Order depois que
o Joy Division acabou. Essencial para a minha geração.
PLAY - "Pornography",
The Cure
Caos e desesperança, no melhor álbum do Cure e o mais representativo dos anos 80.
PLAY - "The Queen is
Dead", The Smiths
Os leitores da revista americana
"Spin" votaram nesse disco, de
1986 como o melhor de todos os
tempos.
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