São Paulo, segunda-feira, 03 de julho de 2000


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RELEMBRANDO CAZUZA

"Ele foi, junto com o Renato Russo, o maior letrista da nossa geração, mas eu demorei a perceber sua importância. No começo, achava sua música blues demais, muito arrastada. Depois comecei a entender sua poesia e o gosto pela música veio naturalmente. Só me aproximei do Cazuza quando ele já estava doente, e isso foi uma pena, mas conheci um cara muito corajoso e que assumiu a doença numa época em que Aids era abominável socialmente, muito pior do que é hoje."
Dinho Ouro Preto, vocalista do Capital Inicial

"Lembro do Cazuza com muito carinho. Eu era muito amigo dele e fizemos muita loucura juntos, de enfiar o pé na jaca mesmo! Ele tinha tudo para ser um filhinho-de-papai, mas nunca se deixou levar, nunca sossegou, estava sempre envolvido em algum lance legal. Suas desavenças com os pais só potencializaram sua personalidade, só o fizeram crescer. Nós frequentávamos galeras diferentes, ele andava com o Caetano, com o Gil, e me defendia, dizia que eu tinha talento, que eu era legal. Na verdade, ele era o único que me defendia"
Lobão, cantor e compositor


"Acho muito importante que pessoas famosas admitam publicamente a doença. O Cazuza foi muito importante porque aceitou a exposição pública com muita dignidade. Não só admitiu que tinha a doença, como também mostrou que é possível lutar contra ela. Tenho certeza de que muitas pessoas se encorajaram com a atitude dele e buscaram tratamento"
Áurea Abade, fundadora do Gapa (Grupo de Apoio e Prevenção à Aids)

"Éramos parceiros de música e de vida. Acho que fui o primeiro grande amigo dele, porque ele era um cara muito fechado, que eu fui conhecendo aos poucos quando nos juntamos para formar o Barão. Ele traduziu como ninguém os pensamentos e sentimentos da nossa geração. Era um cara que gostava da vida, de se divertir, gostava de ser feliz. Era um cara doce a maior parte do tempo, mas que tinha crises de agressividade muito assustadoras"
Frejat, do Barão Vermelho

"Chegou um momento no nosso relacionamento, quando ele tinha uns 17, 18 anos, em que ou eu o aceitava ou eu iria parar num hospício. O Cazuza era uma pessoa à frente de seu tempo e mostrou isso em sua obra. Era muito difícil, como mãe careta que eu era, aceitar seu comportamento e suas atitudes. Ele mesmo tinha dificuldades em aceitar sua sexualidade, sofria muito com isso, e o sucesso fez com que ele se sentisse um pouco mais confortável e menos culpado"
Lucinha Araújo, mãe de Cazuza

"Na minha opinião, o que faz falta não é só o grande performer e compositor que escreveu letras ácidas, muito bem-humoradas e provocativas sobre todos nós, mas também a grande pessoa que ele foi por toda a vida. Quem o conheceu de perto sabia bem a figura caótica, brilhante e extremamente carismática que Cazuza foi. Nunca iremos esquecê-lo"
Charles Gavin, baterista do Titãs


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