São Paulo, segunda-feira, 03 de julho de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ESTANTE
Carta do pai desconhecido transforma vida de um teen

LUÍS AUGUSTO FISCHER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Vida de adolescente é confusa? Então, imagina um adolescente de seus 15 anos, com família amorosa, mãe meio neurótica mas legal, padrasto que é um paizão e adora cozinhar, com uma espécie de namorada que toca numa banda de rock e com um amigo e colega dos mais interessantes. Tudo isso no quadro de uma vida de classe média confortável, estudando em colégio de bom nível. E que esse adolescente, Daniel, receba correspondência inesperada de seu pai verdadeiro, que ele nunca conheceu, porque o cara teve apenas um encontro fortuito com a mãe de Daniel, não quis ser pai e caiu fora. Era fotógrafo e queria o mundo. Na carta que recebe, Daniel ganha junto fotos feitas pelo pai biológico, que está na Tailândia, fotografando para um projeto chamado Antes Que o Mundo Acabe, destinado a registrar as gentes deste pobre planeta que correm o risco de se tornar uma coisa só e indefinida, um shopping universal, por causa da globalização a qualquer custo. O pai caiu, de malária, e resolveu rever suas dívidas com o passado. Daí que escreve para o filhão, que não sabe quem e como ele é. Daniel tem de lidar com uma bronca sem tamanho: o que fazer com esse cara que de repente aparece? O que fazer com as relações que ele foi fazendo miudamente, com seu pai presente? E as coisas que seu pai biológico fala são instigantes: no verso das fotos, vai anotando coisas, observando o sentido de sua vida e o das vidas que vai fotografando. Diz que não basta olhar, é preciso empenho para divisar as singularidades da vida. "Antes Que o Mundo Acabe", novela de Marcelo Carneiro da Cunha, bota tudo isso em ordem, numa narrativa sensacional, que mistura o ponto de vista de Daniel, as cartas de seu pai e as fotos comentadas. Tem espaço para dois subenredos: o de sua relação com a namorada, Mim, e o da trajetória de Lucas, aquele colega de escola, também filho adotado, que foi criança pobre, com passagem por orfanato. A novela é excelente sob todos os aspectos. E dá no leitor uma enorme vontade de ser fotógrafo, como aquele pai é, como Daniel descobre que quer ser. E-mail - lfischer@uol.com.br


Texto Anterior: Saúde - Jairo Bouer: Pêlos no rosto de garota podem ser sinal de desequilíbrio hormonal
Próximo Texto: Tecno: Há vida além do Napster
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.