São Paulo, segunda-feira, 03 de julho de 2000


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Há vida além do Napster


Programas que não usam servidores centrais são o futuro


ALEXANDRE VERSIGNASSI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Você, leitor do Folhateen, deve estar acompanhando toda a confusão em torno do Napster, o programa que permite troca de arquivos entre computadores e que está sacudindo a indústria da música. Se o Napster já deixa os executivos das grandes gravadoras com medo de perder seu champanhe e suas garotas de programa, o que vem por aí promete esvaziar de vez as piscinas deles.
É que, no meio do ano passado, apareceram dois programas para intercâmbio de arquivos que funcionam de uma forma bem mais sofisticada -e sorrateira- que o Napster: o Gnutella e o Freenet.
Os programas não precisam de centrais de controle para funcionar, ou seja, os bytes fluem livremente de um computador para outro sem deixar pista alguma, já que os servidores do sistema são, na verdade, as máquinas de cada um dos usuários. Isso impossibilita a detecção da origem das informações e torna os programas imunes a ações judiciais.
Já com o Napster a coisa é bem diferente. Se os advogados da bicha véia do Lars Ulrich convencerem a Justiça dos EUA de que o programa é ilegal, vai ser fácil acabar com ele. Bastará que os meganhas de lá arrombem algumas portas e, naquele estilo medieval que lhes é peculiar, arrebentem com o maquinário das centrais que organizam a coisa toda. Aí, o Napster que você tem em casa só vai servir mesmo para decorar a tela do seu micro com a cara bonita daquele ET que eles usam como símbolo.
Isso seria impossível de acontecer com o Gnutella e o Freenet, a não ser que todos os micros do mundo fossem espionados. Mas aí já é muita utopia totalitarista para a nossa cabeça.
Só que esses programas "outsiders" ainda são lentos e, muitas vezes, não conseguem entrar em rede. Tentar pegar uns arquivos com eles pode ser algo meio infrutífero, pelo menos por enquanto.
O Gnutella, por exemplo, foi desenvolvido por programadores de uma empresa, a Nullsoft, que foi comprada pela AOL. Logo que adquiriu os diretos sobre o programa, o gigante provedor gringo tratou de acabar com a boiada, banindo-o da rede. Mas não foi o suficiente. Alguns nerds já haviam copiado o código do software e resolveram colocar no ar suas próprias versões. Se você quiser ir testando o troço, vá a http:// gnutella.wego.com e faça o download. Já o Freenet, que pode ser pego em http://freenet.sourceforge.net, foi criado por Ian Clarke, um estudante escocês. Cheio de ideais libertários, o sujeito foi logo liberando seu programa, ainda precário, rede afora.
Tudo bem que, apesar das boas intenções, ainda não dá para fazer muito com o Freenet ou o Gnutella. Mas milhares de programadores estão queimando os neurônios tentando torná-los mais viáveis. E, quando isso acontecer, aí é que o bicho vai pegar mesmo.
E-mail - aversignassi@uol.com.br


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