São Paulo, segunda-feira, 03 de julho de 2006

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Por que a série "Premonição" é tão legal?

CARLOS PRIMATI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Premonição 2" é uma daquelas exceções que justificam a regra: uma continuação que supera (e muito) o original. Deixa a dever no quesito originalidade, é claro, mas o primeiro "Premonição" também estava longe de ser um primor de criatividade.
A idéia pega o conceito básico do filme de matança e coloca a própria Morte no lugar normalmente ocupado por bichos-papões como Jason, Freddy, Michael Myers e similares. O primeiro "Premonição" ("Final Destination", 2000), dirigido por James Wong, prolífico realizador da série "Arquivo X", peca ao querer se levar muito a sério, mesmo contando uma história absurda, típica de filmes de terror.
Enquanto embarca rumo a Paris, um estudante tem a visão de que seu avião explodirá logo após a decolagem. O garoto dá um chilique e desembarca juntamente de cinco colegas e uma professora. O avião explode poucos minutos depois, matando todos a bordo.
O filme fica interessante quando os sobreviventes passam a ser perseguidos e mortos das maneiras mais bizarras. A própria Morte veio buscá-los para que cumpram seus destinos, não poupando esforços para levar suas vítimas das maneiras mais grotescas.
O humor negro, nem sempre tão sutil, sofre na mão pesada de Wong, que imprime à narrativa aquele ranço almofadinha de "Arquivo X". Mesmo assim, o filme fez sucesso, graças ao elenco jovem e bonito, motivando uma continuação três anos depois.

Histérico
O segundo filme, "Premonição 2" ("Final Destination 2", 2003), não fica com firulas inúteis e parte logo para o exagero ao narrar uma variação histericamente divertida sobre o mesmo tema. A trama acontece um ano depois do desastre aéreo do filme anterior.
Desta vez, o acidente ocorre numa estrada, num espetacular engavetamento envolvendo carros, motos e caminhões. O diretor e dublê de cenas de perigo David R. Ellis, surfista nas horas vagas, esbanja domínio técnico numa cena de abertura de tirar o fôlego, nos moldes da perseguição na auto-estrada de "Matrix Reloaded" (2003), filme no qual trabalhou como diretor de segunda unidade.
O melhor de "Premonição 2", como não poderia deixar de ser, são as cenas de morte; não pelo grotesco, por mostrar vísceras e sangue, mas pela engenhosidade maquiavélica de cada situação. Novamente, a Ceifadora vai atrás da turma que driblou seu chamamento, cobrando suas vidas um a um.
As artimanhas da Dona Morte nos fazem pensar em quão nefastos podem ser seus desígnios e no quanto a vida é frágil. Mas tal pensamento só dura uma fração de segundo. Esse não é o tipo de filme que nos faz pensar; é mesmo só para curtir. Enquanto a morte não chega.


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