São Paulo, segunda-feira, 03 de julho de 2006

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estilo

Na noite, todo mundo é indie, inclusive os emos

Gente da cena rock alternativa conta como reconhecer quem é autêntico na balada e quem só entrou pela modinha

DA REPORTAGEM LOCAL

Indie que é indie conhece as histórias das bandas. Assiste a filmes alternativos americanos, como "Pulp Fiction" e "Party Monster", e europeus, como os de Almodóvar ou os de Michelangelo Antonioni.
"Gosto de filmes que não são hollywoodianos, como "Elefante", do Gus van Sant", revela o indie Danilo Braga, 17, que veste camiseta do Radiohead.
Indie, na balada, "faz a egípica", ou seja, fica sempre com o rosto de lado, sem nunca olhar para ninguém. É blasé e não fala com as pessoas: espera que venham falar com ele.
"Os indies são blasés e introspectivos. Para ficar amigo deles tem de conversar sobre coisas como filmes cult e bandas de rock desconhecidas", explica Rafaela Becker, 16.
Indies gostam de dizer que são qualquer coisa, menos indies, e de estilos com nomes estranhos e em outras línguas. "Gosto de "shoe gazer'", começa Leonardo Vinícius da Costa, 20, se referindo à música de bandas do final dos anos 80 que cantavam olhando para o sapato, como Ride e Lush.
E indies odeiam ser rotulados. "Não é porque ouço um tipo de música que sou um rótulo", pensa Gabi Billi, 20. Ela repensa: "Se bem que, quem gosta de pagode é pagodeiro".
Ou seja, indie não é emo, os maquiados românticos que estão por todas as parte. Porém, os indies são sempre confundidos na noite e ficam realmente irritados com isso. "Os emos, como foram rotulados, são chatos e tomaram São Paulo", diz Gabi. "E é perigoso ser confundido com emo, porque eles muitas vezes apanham na rua."
Para Raphael Traira Trimboli, 19, os indies são mais animados e gostam de ser posers. "Os emos são tristes", explica.
Não é o que acha a namorada de Raphael, Rafaela Becker, 16. "Emo vai mais para o lado da diversãozinha, querem ver o showzinho, ver pessoas, fazer social... Indie é cult, vê filmes alternativos", explica Rafaela, que freqüenta lugares como Funhouse e Kat Pub (leia endereços no passo número 5).
Pelo ponto de vista de Gustavo Kiedis, 16, dizer que gosta de bandas como Strokes e Franz Ferdinand é "meio queima filme". "Quando banda indie fica famosa e cai na graça do povo vira emo." Gustavo acha que seu estilo é "hype". "Uso calça bem apertada de cintura baixa, camiseta bem justa, franja grande bem comprida e All Star", conta o estudante.
Maria Clara Villas, 16, é contra rótulos, mas ela mesma os usa. "Odeio rótulos, mas sei que eles existem, como emo. Detesto músicas emo, eles são chatos", reclama a garota.
Para Maria Clara, gostar da música indie não significa ser indie. "Tem gente que me chama de indie, mas isso é um tipo de música. Sei que tem gente que diz ser indie, porque está na moda. Eu uso camisetas de bandas porque gosto. Meu estilo não tem a ver com indie. O lema dos indies é "queremos ser cool"." E quem não quer?
(LEANDRO FORTINO)

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