|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
estilo
Na noite, todo mundo é indie, inclusive os emos
Gente da cena rock alternativa conta como reconhecer quem é autêntico na balada e quem só entrou pela modinha
DA REPORTAGEM LOCAL
Indie que é indie conhece as histórias das bandas. Assiste a filmes alternativos americanos,
como "Pulp Fiction" e
"Party Monster", e europeus,
como os de Almodóvar ou os de
Michelangelo Antonioni.
"Gosto de filmes que não são
hollywoodianos, como "Elefante", do Gus van Sant", revela o
indie Danilo Braga, 17, que veste camiseta do Radiohead.
Indie, na balada, "faz a egípica", ou seja, fica sempre com o
rosto de lado, sem nunca olhar
para ninguém. É blasé e não fala com as pessoas: espera que
venham falar com ele.
"Os indies são blasés e introspectivos. Para ficar amigo deles
tem de conversar sobre coisas
como filmes cult e bandas de
rock desconhecidas", explica
Rafaela Becker, 16.
Indies gostam de dizer que
são qualquer coisa, menos indies, e de estilos com nomes estranhos e em outras línguas.
"Gosto de "shoe gazer'", começa
Leonardo Vinícius da Costa,
20, se referindo à música de
bandas do final dos anos 80 que
cantavam olhando para o sapato, como Ride e Lush.
E indies odeiam ser rotulados. "Não é porque ouço um tipo de música que sou um rótulo", pensa Gabi Billi, 20. Ela repensa: "Se bem que, quem gosta de pagode é pagodeiro".
Ou seja, indie não é emo, os
maquiados românticos que estão por todas as parte. Porém,
os indies são sempre confundidos na noite e ficam realmente
irritados com isso. "Os emos,
como foram rotulados, são chatos e tomaram São Paulo", diz
Gabi. "E é perigoso ser confundido com emo, porque eles
muitas vezes apanham na rua."
Para Raphael Traira Trimboli, 19, os indies são mais animados e gostam de ser posers. "Os
emos são tristes", explica.
Não é o que acha a namorada
de Raphael, Rafaela Becker, 16.
"Emo vai mais para o lado da diversãozinha, querem ver o
showzinho, ver pessoas, fazer
social... Indie é cult, vê filmes
alternativos", explica Rafaela,
que freqüenta lugares como
Funhouse e Kat Pub (leia endereços no passo número 5).
Pelo ponto de vista de Gustavo Kiedis, 16, dizer que gosta de
bandas como Strokes e Franz
Ferdinand é "meio queima filme". "Quando banda indie fica
famosa e cai na graça do povo
vira emo." Gustavo acha que
seu estilo é "hype". "Uso calça
bem apertada de cintura baixa,
camiseta bem justa, franja
grande bem comprida e All
Star", conta o estudante.
Maria Clara Villas, 16, é contra rótulos, mas ela mesma os
usa. "Odeio rótulos, mas sei que
eles existem, como emo. Detesto músicas emo, eles são chatos", reclama a garota.
Para Maria Clara, gostar da
música indie não significa ser
indie. "Tem gente que me chama de indie, mas isso é um tipo
de música. Sei que tem gente
que diz ser indie, porque está
na moda. Eu uso camisetas de
bandas porque gosto. Meu estilo não tem a ver com indie. O lema dos indies é "queremos ser
cool"." E quem não quer?
(LEANDRO FORTINO)
Texto Anterior: Indie em 5 passos Próximo Texto: 02 neurônio: Notícias da Copa Índice
|