ERA UMA dessas cenas que poderiam passar despercebidas na correria do dia-a-dia. Um cartaz anunciando o gostoso pão de queijo de uma loja de lanches.
Nada de mais. Poderia ter um slogan escrito "pão de queijo gostoso e crocante", algo assim. Ou "o verdadeiro sabor de Minas Gerais". Mas, não: a imagem do cartaz era de uma mulher, de camisetinha branca e seios turbinados, em diversas poses. Segurando, é claro, o pão de queijo. Tipo "uma gostosa segurando um salgado". O pão de queijo era um coadjuvante, é claro. Em uma das fotos, ela segurava dois pães de queijo, porque assim ficava melhor na pose, cruzando os braços na frente de seu corpo boazudo.
Era uma dessas cenas que poderiam passar despercebidas, de tão corriqueira que é. A gente vê tanta foto de "uma gostosa vendendo isso" e "uma gostosa vendendo aquilo" que nem repara mais. Nem repara que é uma gostosa, nem sabe o que estão vendendo, nem nada. Os publicitários acham que basta colocar uma mulher bonita segurando um produto para a gente desejar comprá-lo. Mas o pão de queijo foi demais!
Será que eles acham que no fundo do cérebro humano há uma espécie de sinapse que reage apenas por meio da visão de um peito siliconado implantado em uma mulher de chapinha? Pois parece que, para os publicitários (ou, pior, para a equipe do "branding"), nossos neurônios são bem toscos. Ao receber o impulso através da íris, o cérebro recria a imagem de uma mulher gostosa. E faz uma conexão no estilo: quem come pão de queijo fica com o peito bom e o cabelo ótimo. Ou ainda: compre este pão de queijo e "pegue" uma mulher como essa.
Estamos pensando até em sugerir um calendário de final do ano para os donos de uma agência: mulheres seminuas segurando salgadinhos. Em janeiro um rissole, em fevereiro um folheado de presunto e queijo... Sim, porque deve ter alguma sacada incrível que a gente está perdendo!

Momento de histeria

Salgadinho engorda


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