São Paulo, segunda-feira, 03 de novembro de 2008

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Longe de Manhattan

Fãs de "Gossip Girl" criticam futilidade das personagens, mas dizem que fofocas via celular e internet também rolam nos colégios de SP

Eduardo Anizelli - 29.out.08/Folha Imagem
As amigas Luana e Laís, fãs da série

LETICIA DE CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Com um universo de intrigas, romances, consumo desenfreado e personagens jovens, ricos, malvados e um tanto fúteis, o seriado "Gossip Girl" virou mania nas escolas de elite de São Paulo.
Mas até que ponto a vida de glamour e de crueldades daqueles adolescentes tem a ver com a realidade de seus fãs?
Adaptada da série de livros de Cecily von Ziegesar, "Gossip Girl" -cuja segunda temporada estréia na quarta, no canal pago Warner Channel- conta o cotidiano de uma escola de elite em Manhattan, NY.
Os namoros, as brigas e os escândalos da turma de endinheirados são narrados por uma fofoqueira que nunca se identifica -a "gossip girl" do título- e que dispara mensagens de celular para todos os alunos assim que alguma notícia bombástica chega a seu conhecimento.
Em São Paulo, as notícias correm de forma semelhante. É o que conta a estudante da 8ª série de um colégio tradicional Luana Rosa, 14, fã do seriado. "A gente troca mensagem de texto o dia inteiro, até durante a aula", diz a garota.
O assunto das mensagens: quem ficou com quem, quem brigou com quem, quem está namorando, quem se separou.
Até as roupas dos alunos podem ser alvo de comentários maldosos, bem ao estilo da fofoqueira virtual da série.
Luana, que confessa não resistir a uma fofoca, já foi vítima de uma. "Disseram que eu tinha ficado com um garoto, mas era mentira", lamenta a menina. "Não acho certo espalhar fofoca, mas é difícil receber uma informação bombástica e não passar para ninguém."
Em outra escola particular, mais do que o celular, o Orkut virou o principal meio de propagação das fofocas. Várias comunidades inspiradas na série foram criadas para falar sobre os casais, além de fazer comentários maldosos sobre alunos.
"Ninguém sabe quem criou e ninguém admite já ter postado comentário, mas todo mundo lê", diz André Lourenço, 13, da 7ª série, que conhece o programa, mas não assiste a ele por achar que é "coisa de menina".

Figurino
Além das fofocas, outro ponto marcante são as roupas, que viraram referência de estilo para as garotas americanas.
As tiaras, os laços e as meias até o joelho viraram febre nos EUA. No Brasil, as roupas também servem de inspiração, mas não para ir à escola.
"Adoro os looks da Blair [uma das protagonistas], mas, para estudar, só uso calça jeans, sapatilha, bata e pouca maquiagem. Só gosto de me arrumar para sair à noite", diz Luciana Arruda Botelho, 18, que freqüenta baladas como Royal e Disco, bem ao estilo dos clubes chiques da série.
Rica e bem-nascida, a personagem Blair Waldorf se orgulha de fazer parte de uma das mais tradicionais famílias de Nova York e não gosta de se relacionar com estudantes mais pobres ou sem "berço".
A empáfia da personagem não agrada nem mesmo às fãs mais assumidas da série. "Acho isso um absurdo, é muita futilidade. Eu não me preocupo com classe social. Mas conheço muita gente assim", garante Giovana Tripoli, 18, aluna do 3º ano do ensino médio.


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