São Paulo, segunda-feira, 04 de janeiro de 2010

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Álvaro Pereira Júnior - cby2k@uol.com.br

A Julieta nua de Nick Hornby

Fechei 2009 com uma leitura atrasada: "Juliet, Naked", o novo romance de Nick Hornby. Não sei por que esperei tanto.
Hornby é o mesmo de "Alta Fidelidade", "Um Grande Garoto" etc. É conhecido por ambientar histórias em Londres, e pela precisão ao esmiúçar a alma masculina.
Pois "Juliet, Naked" não se passa em Londres. E sua personagem mais interessante se chama Annie, uma mulher.
No livro, um bando de manés se reúne em torno de um site para venerar um obscuro cantor/compositor americano, o fictício Tucker Crowe. O mané-mor é um certo Duncan, inglês de meia-idade, casado com Annie, sem filhos, professor de uma pequena faculdade em um lugar horroroso na costa norte da Inglaterra.
O principal objeto de adoração é o álbum "Juliet". Teria sido composto por um Crowe desesperado depois de perder o grande amor, que decidiu voltar para o marido. Meses depois de lançar "Juliet", em 1986, Crowe abandonou a música.
Um dia, Duncan recebe da gravadora o que seria o novo CD de Crowe, depois de 22 anos: "Juliet, Naked", versões demo das canções que depois entrariam em "Juliet".
Duncan escreve no site: é o disco mais genial da história. Annie publica sua própria resenha, no mesmo endereço, ressalvando: são apenas versões toscas de canções que, em "Juliet", aparecem bem melhores.
Tucker Crowe lê o texto de Annie e entra em contato. Ele nos EUA, ela na Inglaterra. Crowe acompanhava o site, mas anonimamente, com medo dos malucos.
O romance deixa a desejar em verossimilhança -Hornby recorre a uma série de acontecimentos muito improváveis para fazer a história andar.
Mas pouco importa. No livro, Nick Hornby excerce à perfeição suas especialidades: ritmo e diálogos.
Não sei se saiu em português, mas com um inglês mais ou menos já dá para encarar. Vai nessa, mané.

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Leia em papel - "Juliet, Naked", Nick Hornby
Hornby prova: para ser um grande escritor, não é preciso escrever difícil.

Ouça on-line - "Magic Man", The Aliens
Se a "Word" não tivesse botando nos melhores de 2009, eu nunca conheceria a psicodelia desses ex-Beta Band.

Delete - "Batidão Sertanejo", coletânea
Peraí. É batidão? Ou é sertanejo?


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