São Paulo, segunda-feira, 04 de agosto de 2008

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Teatro

Vende-se poesia

Vocalista do Cordel do Fogo Encantado mostra no teatro a relação conflituosa entre o comércio e a poesia

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Poesia é mercadoria?
A insistente pergunta retorna aos holofotes, desta vez como fio condutor do monólogo "Mercadorias e Futuro", escrito e interpretado por José Paes de Lira Filho, o Lirinha, da banda pernambucana Cordel do Fogo Encantado.
Habituado ao palco na condição de músico e cantador, o artista resolveu procurar nas artes cênicas o meio para se expressar. "O teatro possibilita um mergulho maior, um tempo maior de dedicação ao texto", justifica. "Além disso, ele promove a reunião da música, da palavra e da imagem."
Lirinha se lembra da primeira vez que ganhou dinheiro com poesia. Ele tinha 12 anos e costumava declamar poemas aprendidos com os avós, grandes apreciadores dos improvisos da cantoria. "Um cantador me viu dizendo poesia e me chamou para começar profissionalmente -foi a primeira vez na vida que tive uma relação com o cachê."
Essa lembrança é retomada pelo personagem Lirovsky, vendedor ambulante de registros proféticos que protagoniza a peça. "O espetáculo às vezes se torna um pouco autobiográfico, mas ele traz muita fantasia também, conta muitas histórias que nunca aconteceram", explica Lirinha. "Mas a relação conflituosa entre o comércio e a poesia -o que não se vende, o que não tem preço, o que é sublime- faz parte da minha história pessoal."
Para se preparar para a empreitada, Lirinha contou com a ajuda da namorada, a atriz Leandra Leal. "Eu estava muito envolvido em um ambiente de música, que é muito diferente do que o teatro exige em termos de aquecimento, corpo, voz", explica. "Ela foi fundamental nesse meu retorno e me ajudou bastante com os problemas que iam surgindo."


MERCADORIAS E FUTURO
ONDE >> Sala Crisantempo
r. Fidalga, 521 - Vila Madalena Tel: 3819.2287
QUANDO >> 5 a 26 de agosto, às terças e quartas, 21h
QUANTO >> R$ 30 (inteira)
CENSURA >> 12 anos




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