São Paulo, segunda-feira, 04 de outubro de 2004

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O nome dela é Polly Jean

ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR

Fique sabendo agora como será um dos shows mais importantes do ano no Brasil, o de PJ Harvey no Tim Festival, no dia 6/11, no Jockey Club de São Paulo. Basta acessar www.bbc.co.uk/bbcfour/music/features/pj-harvey.shtml. É o link para um especial de PJ na emissora inglesa BBC 4, que foi ao ar na sexta-feira passada.
No momento em que escrevo, dá para assistir, no link, a uma música, "Harder". É possível que mais canções sejam liberadas ao longo da semana. As filmagens foram feitas em uma antiga igreja londrina, hoje convertida em espaço de ensaios da orquestra sinfônica da cidade. Na platéia, apenas cem pessoas.
A inglesa Polly Jean Harvey, a PJ Harvey, 35, é uma das cantoras/guitarristas mais intensas já surgidas no rock. Filha de pais hippies do interior da Inglaterra, a linda e magérrima PJ lançou há pouco seu sétimo álbum, o autoproduzido "Uh Huh Her". Sua música fala de extremos: solidão, alturas, precipícios, êxtase.
No palco, a figura franzina de PJ ganha dimensões gigantescas. No especial da BBC, ela está de microssaia branca, tipo envelope, estampada com capas de seus discos (e como os álbuns de PJ trazem na capa sempre fotos dela mesma, isso significa dizer que ela fez o especial com uma saia decorada por imagens dela própria, PJ). A blusa também é branca, de um ombro só.
Sapatos azuis altíssimos, de bico fino, meias curtas listradas. Perna direita à frente, como em posição de ataque. Seja em um show pequeno para cem pessoas, seja em um festival com público de 35 mil, PJ não deixa dúvidas: é ela quem está no comando.
Vi PJ Harvey ao vivo uma única vez, poucos dias depois dos atentados de 11 de setembro de 2001. Foi no Warfield, teatro para 2.500 pessoas em San Francisco. Época fácil para discursos lacrimosos e populismo panfletário. Mas essa não é a onda de PJ Harvey. Seu contato com o público limitou-se a duas frases: "Sei que estes são dias difíceis para todos nós. Obrigado por terem vindo".
Pelo vídeo da BBC, a banda que acompanha PJ parece bastante jovem, mais do que a da turnê de 2001. As músicas podem ser diferentes, mas a coesão e a densidade sonoras se mantêm. Os shows de PJ costumam ser tão intensos quanto sombrios. São experiências para se levar por uma vida toda. Se tiver dinheiro e tempo, não deixe de ver essa deusa genial tocando no Brasil.


Álvaro Pereira Júnior, 41, é editor-chefe do "Fantástico" em São Paulo
E-mail: cby2k@uol.com.br



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