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jogos
Cubomania
>>Cubo mágico volta a ser mania entre
jovens que curtem desafios matemáticos
DIOGO BERCITO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Para as pessoas que
sempre acharam que
o cubo mágico é um
enigma impossível
de ser resolvido, a
novidade é que há adolescentes
por todos os lados se divertindo
montando e desmontando o
quebra-cabeça.
Para essa tribo, saber a solução é o de menos. O barato mesmo é montar o cubo o mais rápido possível e alcançar um
tempo "sub 20" -ou seja, deixar cada pecinha no seu lugar
em menos de 20 segundos.
No colégio Vera Cruz, em São
Paulo, a moda está começando
a pegar. Um dos pivôs é a estudante Gabriela Saltoratto Martins, 16, que hoje monta o cubo
em um minuto.
Gabriela leva o cubo consigo
o dia inteiro, dentro da mochila. Os amigos acham o máximo,
e, hoje, quatro outros alunos da
classe já sabem a solução. As
demais salas têm também seus
próprios "cubistas".
No recreio, montar o quebra-cabeça é um dos passatempos
preferidos da estudante. "Eu e
minha amiga competimos no
intervalo para ver quem faz
mais rápido", diz.
Na hora de ensinar a garotada do colégio a aprender os truques do cubo, entra em cena a
estudante de direito Natália
Saltoratto Martins, 19, irmã e
"professora" de Gabriela na arte de resolver o quebra-cabeça.
"Sou um mito entre os amigos da minha irmã", diz Natália,
orgulhosa. "Um dia, levei o cubo na hora de buscá-la na escola e todos quiseram aprender."
A cubista conta que comprou
seu primeiro cubo há mais de
um ano, em Nova York, enquanto andava sozinha pela
Quinta Avenida. "Eu tinha acabado de tomar "um pé" de um
namorado", relata.
No dia seguinte, tomou um
avião para voltar ao Brasil. Antes de pousar em São Paulo, já
tinha deduzido a solução. Daí
para chegar ao seu recorde
atual -menos de 30 segundos- foi questão de muito treino e de muita leitura também.
"Li manuais na internet", diz.
O hobbie foi transmitido não
só à irmã, mas também ao primo, de 12 anos, e à mãe, de 45.
Mas nem todos os que a veem
com o brinquedo nas mãos estão dispostos a aceitar a mania.
"Já ouvi de muitos o famoso
"get a life" [arranje uma vida]",
conta Natália, que já foi chamada de "a maníaca dos cubos".
"Há um estigma em torno do
cubo, parece que você tem que
necessariamente ter algum
problema para gostar dele."
Por outro lado, em muitas
oportunidades os narizes torcidos transformaram-se em
aplausos. "Há pessoas que sentam na minha mesa enquanto
tomo café e pedem para que eu
os ensine", relata.
Guilherme Retroz Romeu
Figueira, 18, estudante, conta
que um dia viu juntarem-se ao
seu redor 15 pessoas desconhecidas enquanto montava o cubo em uma loja de departamentos, distraído.
"Meus amigos estranham",
diz, "mas logo passam a curtir
e, depois, aprendem a montar".
Na sua sala, no curso de engenharia, o número de cubistas já
chega a dez.
Guilherme monta o cubo tradicional, o "3x3", em 17 segundos, tempo considerado entre
os experientes como o de um profissional. Sabe montar
também outras inúmeras
variações do brinquedo -o
"4x4", o "5x5", o "6x6" e o
"7x7", além de versões sem
centro, em forma de triângulo ou de poliedro.
Quartel-general
Um dos pontos de encontro dos cubistas em São Paulo é o café Starbucks próximo à av. Paulista. É lá que
Guilherme se reúne com seu
amigo Caio Felipe Correa,
21, para treinarem juntos.
Caio começou há três meses e já monta o cubo em menos de um minuto. A brincadeira, diz, já tomou conta do
seu local de trabalho, onde
atua como administrador de
sistemas. "É um monte de
nerds juntos!", ri.
Seu primeiro cubo custou
R$ 1,99, mas não girava muito bem. O seguinte foi importado da China, pela internet. Um "rubik's cube" original custa cerca de US$ 20 no
site da loja virtual www.
amazon.com.
Hoje, resolver o quebra-cabeça é o passatempo de
Caio nas duas horas que passa diariamente no transporte público. "Ele me ajuda a
ficar acordado e a não perder o ponto", diz.
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