São Paulo, segunda-feira, 05 de janeiro de 2009

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jogos

Cubomania

>>Cubo mágico volta a ser mania entre jovens que curtem desafios matemáticos

DIOGO BERCITO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Para as pessoas que sempre acharam que o cubo mágico é um enigma impossível de ser resolvido, a novidade é que há adolescentes por todos os lados se divertindo montando e desmontando o quebra-cabeça.
Para essa tribo, saber a solução é o de menos. O barato mesmo é montar o cubo o mais rápido possível e alcançar um tempo "sub 20" -ou seja, deixar cada pecinha no seu lugar em menos de 20 segundos.
No colégio Vera Cruz, em São Paulo, a moda está começando a pegar. Um dos pivôs é a estudante Gabriela Saltoratto Martins, 16, que hoje monta o cubo em um minuto.
Gabriela leva o cubo consigo o dia inteiro, dentro da mochila. Os amigos acham o máximo, e, hoje, quatro outros alunos da classe já sabem a solução. As demais salas têm também seus próprios "cubistas".
No recreio, montar o quebra-cabeça é um dos passatempos preferidos da estudante. "Eu e minha amiga competimos no intervalo para ver quem faz mais rápido", diz.
Na hora de ensinar a garotada do colégio a aprender os truques do cubo, entra em cena a estudante de direito Natália Saltoratto Martins, 19, irmã e "professora" de Gabriela na arte de resolver o quebra-cabeça.
"Sou um mito entre os amigos da minha irmã", diz Natália, orgulhosa. "Um dia, levei o cubo na hora de buscá-la na escola e todos quiseram aprender."
A cubista conta que comprou seu primeiro cubo há mais de um ano, em Nova York, enquanto andava sozinha pela Quinta Avenida. "Eu tinha acabado de tomar "um pé" de um namorado", relata.
No dia seguinte, tomou um avião para voltar ao Brasil. Antes de pousar em São Paulo, já tinha deduzido a solução. Daí para chegar ao seu recorde atual -menos de 30 segundos- foi questão de muito treino e de muita leitura também. "Li manuais na internet", diz.
O hobbie foi transmitido não só à irmã, mas também ao primo, de 12 anos, e à mãe, de 45. Mas nem todos os que a veem com o brinquedo nas mãos estão dispostos a aceitar a mania.
"Já ouvi de muitos o famoso "get a life" [arranje uma vida]", conta Natália, que já foi chamada de "a maníaca dos cubos". "Há um estigma em torno do cubo, parece que você tem que necessariamente ter algum problema para gostar dele."
Por outro lado, em muitas oportunidades os narizes torcidos transformaram-se em aplausos. "Há pessoas que sentam na minha mesa enquanto tomo café e pedem para que eu os ensine", relata.
Guilherme Retroz Romeu Figueira, 18, estudante, conta que um dia viu juntarem-se ao seu redor 15 pessoas desconhecidas enquanto montava o cubo em uma loja de departamentos, distraído.
"Meus amigos estranham", diz, "mas logo passam a curtir e, depois, aprendem a montar". Na sua sala, no curso de engenharia, o número de cubistas já chega a dez.
Guilherme monta o cubo tradicional, o "3x3", em 17 segundos, tempo considerado entre os experientes como o de um profissional. Sabe montar também outras inúmeras variações do brinquedo -o "4x4", o "5x5", o "6x6" e o "7x7", além de versões sem centro, em forma de triângulo ou de poliedro.

Quartel-general
Um dos pontos de encontro dos cubistas em São Paulo é o café Starbucks próximo à av. Paulista. É lá que Guilherme se reúne com seu amigo Caio Felipe Correa, 21, para treinarem juntos.
Caio começou há três meses e já monta o cubo em menos de um minuto. A brincadeira, diz, já tomou conta do seu local de trabalho, onde atua como administrador de sistemas. "É um monte de nerds juntos!", ri.
Seu primeiro cubo custou R$ 1,99, mas não girava muito bem. O seguinte foi importado da China, pela internet. Um "rubik's cube" original custa cerca de US$ 20 no site da loja virtual www. amazon.com.
Hoje, resolver o quebra-cabeça é o passatempo de Caio nas duas horas que passa diariamente no transporte público. "Ele me ajuda a ficar acordado e a não perder o ponto", diz.


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