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Diversão ao cubo
>>Conheça a matemática que conseguiu
decifrar o enigma do cubo criando um método que ainda é usado pelos cubistas
Arquivo Pessoal
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Jessica Fridrich encontra o campeão de cubo mágico de 2003, Dan Knights
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Se hoje um cubo mágico
original pode ser comprado por poucos dólares
pela internet, na Tchecoslováquia do início da década de
1980 ter o brinquedo era privilégio para poucos. E Jessica
Fridrich, aos 17, não fazia parte
desse grupo. A privação, no entanto, não impediu que se apaixonasse pelo desafio matemático e rascunhasse sua resolução
em uma folha de papel antes
mesmo de ter o cubo em suas
mãos. As horas que dedicou ao
quebra-cabeça logo se transformaram em segundos -23.55
cronometrados, que garantiram a ela a primeiro lugar no
campeonato nacional de 1982.
De repente, e contra todas as
expectativas, alguém havia
criado um método eficaz para
resolver o enigma do cubo mágico. Baseado em um conjunto
de algoritmos, no mínimo 53,
passou a ser chamado de método Fridrich -e a ser utilizado
no mundo inteiro. Ainda hoje,
campeões internacionais dedicam suas vitórias àquela jovem
que transformou um punhado
de peças coloridas desordenadas em um sistema matemático
previsível. Leia entrevista.
(DB)
FOLHA - O que há de tão especial
no cubo mágico?
JESSICA FRIDRICH - Depende. Cada um de nós tem uma relação
diferente com o cubo. Alguns
têm medo, outros se fascinam.
E os que se fascinam querem
resolvê-lo o mais rápido possível, devotam muito tempo a isso porque é uma necessidade.
FOLHA - Você é um dos fascinados?
FRIDRICH - Certamente.
FOLHA - Como você se sentiu,
quando concluiu seu método?
FRIDRICH - Não foi algo como
acordar e perceber "olhe só,
criei um método". Eu não me
recordo de nenhum instante
em especial. O método foi desenvolvido durante anos. Outras pessoas, inclusive, contribuíram com o seu desenvolvimento. É dinâmico. Não acredito que exista um ponto final,
ele será continuamente aperfeiçoado com o tempo.
FOLHA - Como você se sente hoje,
sabendo que muitos cubistas utilizam o método que você criou?
FRIDRICH - Sinto orgulho. Não
sabia que seria tão popular, havia outros métodos muito bons
naquela época. As pessoas levaram o que eu criei para além do
que eu considerava possível. Isso é engraçado na ciência -você desenvolve alguma coisa e
pensa que sabe tudo a respeito,
mas as gerações seguintes provam que você estava enganado.
FOLHA - Para quem está começando a resolver o cubo e a criar seu próprio método, que dica você daria?
FRIDRICH - Certamente diria
que hoje tanta coisa já foi feita e
otimizada que desenvolver um
método próprio tomaria muito
tempo e não traria grandes resultados. Recomendaria que
estudasse os métodos que já
existem, prestando atenção aos
novos algoritmos que têm sido
criados. O segredo está nos algoritmos que a pessoa escolhe.
Alguns serão bons para ela, outros serão estranhos.
FOLHA - Por que o cubo está se tornando novamente popular?
FRIDRICH - Há uma série de razões. Em primeiro lugar, é uma
questão de geração. A geração
atual foi capturada pelo cubo,
assim como a minha tinha sido.
Em seguida, há a internet,
que conecta as pessoas e permite que compartilhem informações e inovem. Antes, os cubistas conversavam na escola sobre o cubo, mas nunca com alguém de outro continente.
É incrível o quão rápido as
coisas podem acontecer hoje,
como podem ser otimizadas.
FOLHA - Quantos e-mails você recebe com perguntas sobre o cubo?
FRIDRICH - Eu diria que recebo
de cinco a dez por semana e
tento responder a todos. Eles
perguntam onde comprar bons
cubos, como fazer o mecanismo deslizar rapidamente, como resolver um algoritmo...
FOLHA - Você vê no cubo alguma
espécie de metáfora para a vida?
FRIDRICH - Não. Quando me fazem essa pergunta, costumo dizer que é apenas um brinquedo.
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