Espetáculo em cartaz durante abril fala de "bullying'; montagem refinada usa recursos cênicos variados

DA REPORTAGEM LOCAL

Os gritos de "apaga a luz!" do diretor da peça, durante o ensaio, quase ganham status de metalinguagem no espetáculo que estreou no sábado. O título: "Blecaute".
Encenada pela primeira vez em novembro passado, a peça voltou aos palcos para curta temporada até o fim de abril.
No espetáculo -escrito pelo britânico Davey Anderson-, a plateia é instigada a se colocar no lugar do protagonista e a fantasiar situações. "Imagina que você tá numa cela", "você queria vingança", "eles te levam para um tribunal".
Assim, por meio dessas suposições, é contada a história de Tiago, adolescente vítima de "bullying" que, aos poucos, perde o controle de si e foge para os confins da violência. Pendura uma suástica na parede do quarto, compra facas, se mete em brigas de rua.
A peça, apesar de ter final apontando na direção de uma lição de vida, não é moralista e apresenta o jovem que se torna delinquente mais como vítima do que como culpado.
Na montagem em cartaz no Teatro Cultura Inglesa Pinheiros (veja abaixo), o elenco é formado por atores de 19 e 20 anos vindos da Escola Superior de Artes Célia Helena.
Envolvida com o trabalho, a trupe conversou com a Folha durante ensaio, entre cenas.
A talentosa Luisa Taborda, 19, por exemplo, explica como faz para decorar todas as falas -que divide com os outros seis atores, que interpretam todos um único personagem.
"A peça tem muita marcação, associamos as falas aos movimentos do corpo", afirma.
Para quem for assistir ao espetáculo, vale prestar atenção aos recursos cênicos utilizados, como a cena iluminada por lanternas ou os trechos sem atores, interpretados com gritos vindos das coxias. (DB)