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crítica
Remake dá medo pelos motivos errados
CARLOS PRIMATI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O mundo vai acabar. De
novo. O clássico "A Profecia", lançado em 76, inspirou-se na Bíblia para explicar como o Anticristo surgiria para acabar com o mundo. Trinta anos depois, a nova versão assusta, mas pelos
motivos errados.
O filme se vale praticamente do mesmo roteiro do
original, novamente escrito
por David Seltzer, mas banaliza grande parte das situações. Infiltrado na família do
embaixador americano em
Roma, Damien é o capeta em
forma de guri.
Coisas realmente preocupantes começam a acontecer, incluindo o espetacular
suicídio da babá, que se enforca no meio da festa de aniversário do pirralho.
Entra em cena a Sra. Baylock, a nova babá, uma dissimulada serva de Satã disposta a proteger o Anticristo
com sua própria vida.
A narrativa de "A Profecia"
tem a marca de histeria do
diretor irlandês John Moore, responsável por "Atrás
das Linhas Inimigas".
Toda a sutileza apavorante
da versão feita por Richard
Donner em 1976 vai por água
abaixo num espetáculo pirotécnico. Também pouco colabora o toque de classe na
fotografia -toda em tons
pastéis e sempre com um objeto vermelho em destaque.
Porém, a maior fraqueza
está no péssimo elenco. Liev
Schreiber vive um diplomata
fracote, que só sabe choramingar a todo momento,
num papel que na versão original coube a Gregory Peck,
num dos grandes desempenhos de sua carreira.
Julia Stiles está fofinha no
papel da jovem e inocente
mamãe, mas não é mais do
que meramente decorativa.
Salva-se a grande sacada
de ter Mia Farrow escalada
como a babá satânica. A atriz
ficou marcada pelo papel da
infeliz que dá à luz o filho do
Diabo em "O Bebê de Rosemary" (68), de Roman Polanski. Então, é apropriado
que ela cuide do pimpolho
agora. Seu desempenho contido e assustador quase salva
o filme da desgraça.
Essa nova versão pode
agradar a quem desconhece
o filme original, principalmente pelas criativas cenas
de mortes, que parecem coisas de "Premonição 2", como
o acidente com o caminhão-tanque e a decapitação.
Mas seus exageros, beirando a fantasia pura, minam
qualquer possibilidade de relação com a realidade e são
incapazes de causar medo.
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