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NÃO PERCA A AVENTURA
Grupo especial da PM diz como se prevenir dos riscos
Prepare-se para a caminhada
DA REPORTAGEM LOCAL
No começo do mês passado, um
grupo de 30 jovens do Jardim
Olavo Bilac (conhecido como
DER), em São Bernardo do Campo, partiu de ônibus rumo ao alto
da Serra do Mar. Eles tinham planejado a excursão havia três semanas. Iriam pegar a trilha das Torres
rumo a uma cachoeira, passar algumas horas lá e voltar para casa.
Mesmo tendo planejado tudo,
apenas um deles estava bem equipado. A maior parte estava com a
roupa do corpo e com pouca comida. Ao chegar no alto da serra, o
grupo se dividiu. Oito garotas queriam trocar de roupa e ficaram para trás. Quatro rapazes as esperaram. Os 12 ficaram para trás, mas
conseguiam ver os que iam na
frente enquanto ainda estavam na
estrada de terra que levava à trilha.
Depois, perderam o contato.
"Conhecia a trilha, já tinha ido
umas quatro vezes. À certa altura, a
trilha seguia por três caminhos diferentes. Um deles estava marcado
com fita durex. Como um dos rapazes que estava no grupo da frente tinha levado uma fita igual, pensamos que ele havia marcado o caminho", conta Antônio dos Santos
Oliveira, 24, um dos que ficaram
para trás. Seguiram essa trilha pensando que estavam andando num
caminho paralelo ao conhecido.
Começou a chover forte e eles perderam a trilha. Seguiram até encontrar um outro grupo que lhes
disse que estavam perto de Cubatão. Resolveram descer a serra até o
fim. Não estavam perto. Perderam-se de vez. Tiveram de passar a
noite na serra, molhados pela chuva, sem roupas quentes, quase sem
comida. Tinham um pacote de bolachas, um bolo, suco e duas garrafas de refrigerante.
"À noite foi quando eu mais senti
medo, a chuva não parava", conta
Samuel Mendonça de Jesus, 16.
Pela manhã, o grupo comeu mais
um pouco e resolveu que iria reunir forças e voltar pelo caminho
que tinha feito na ida. "Se a gente
ficasse lá, sem comida e com frio,
poderia ter morrido", diz Antônio,
que liderou o grupo. Depois de andar por toda a manhã, estavam
quase no fim da trilha e ouviram os
apitos dos soldados do COE (Comando de Operações Especiais) da
PM. Após 30 horas de aventura, os
12 foram resgatados. Duas garotas
estavam com princípio de hipotermia (diminuição da temperatura
do corpo), mas logo se recuperaram. "Foi muito ruim, muito difícil, mas foi uma prova de vida, um
sinal de Deus para a gente dar mais
valor à família e a tudo o que tem",
diz Samuel.
Essa aventura terminou bem,
mas ela é mais comum do que se
pode imaginar.
Apenas no ano passado, de janeiro a setembro, o COE participou de
48 resgates na mata. Ao todo, foram 148 vítimas.
Segundo o tenente Iron Sérgio
Ferreira da Silva, 34, há uma série
de medidas fáceis de tomar para
não engrossar essa estatística.
"Primeiro é preciso ir com um
guia que conheça bem a área. Depois, esse guia deve fazer um bom
briefing, dizendo qual é o caminho,
quais são as dificuldades, quanto
tempo gasta e o que precisa ser levado de comida, de água e de equipamentos", diz.
"É preciso também estar vestido
adequadamente, com tênis ou bota, com calça jeans e levando um
agasalho. Hoje, um equipamento
muito útil é o celular, que pega em
vários trechos da serra. É bom levar também o telefone do COE (0/
xx/11/6952-6533)", completa.
Mesmo assim, caso o grupo se
perca, o tenente recomenda que se
monte um acampamento improvisado e se espere o resgate chegar.
(GUILHERME WERNECK)
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