São Paulo, segunda-feira, 06 de março de 2006

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ARTES

Seleção de filmes do lutador mexicano Santo, o mascarado de prata, esquenta mostra sobre a luta livre, no Rio

Mucha Lucha

ALEXANDRA MORAES
DA REPORTAGEM LOCAL

Com atributos que caracterizam os super-heróis (capa, máscara, botas, cueca por cima da calça), o astro da luta livre Santo foi um dos principais responsáveis pela elevação do esporte a mania nacional no México dos anos 50 e 60.
Para bem além dos ringues, o personagem criado pelo lutador Rodolfo Guzmán Huerta (1917-1984) se estendeu aos quadrinhos, à televisão e ao cinema. Até hoje aparecem frutos dos golpes mexicanos, como o desenho animado "Mucha Lucha", cheio de pequenos lutadores estilizados.
Protagonista de um gênero de filmes muito particular que entrelaçava luta livre e terror trash, Santo aparecia nas telas para ajudar seus amigos a lidar principalmente com criaturas das trevas, como em "Santo vs. las Mujeres Vampiro" (Santo contra as mulheres vampiras, 1962), ou com cientistas megalômanos, como o dr. Karol de "Santo en el Museo de Cera" (Santo no museu de cera, 1963), uma adaptação livre de "A Casa de Cera", do mestre do terror Vincent Price _que foi refilmado recentemente com a trash Paris Hilton no elenco.
Esses filmes, entre outros dedicados à luta livre mexicana, vão ser exibidos no evento "Luta Livre - Sem Limite de Tempo", que começa amanhã no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio. Haverá também uma exposição de obras do artista plástico Demián Flores, uma videoinstalação de Felipe Nepomuceno e discussões a respeito dos filmes.
De aspecto ao mesmo tempo tosco e fascinante _como é típico dos filmes de terror de baixo orçamento_, os filmes são uma viagem a parte.
Santo mantém uma espécie de intercomunicador/televisão/teletela (aquele instrumento de controle do Grande Irmão, em "1984") para falar com seus amigos. Quando uma antena começa a girar, é sinal de que está havendo contato.
Em "Santo no Museu de Cera", o problema é desvendar uma série de desaparecimentos misteriosos. Seu amigo cientista usa a ventoinha mágica para, à distância, pedir a ajuda de Santo para resolver os crimes, dos quais o estranhão-que-dá-pinta doutor Karol, dono do museu de cera, era o principal suspeito.
Entre uma luta e outra, Santo ajuda a polícia a investigar os sumiços sem jamais se desfazer de sua paramenta brilhante.
Depois de cumprir sua missão, despede-se do seu jeito travadão, dizendo que está apenas fazendo justiça, sem se entregar à vaidade. E some não a bordo de um santomóvel, mas dirigindo seu Mercedes-Benz conversível.
Ainda serão exibidos "Santo y Blue Demon vs. Dracula y el Hombre Lobo" (1972) e "Santo en la Venganza de la Momia" (1970), de uma fase já não tão prateada do mascarado. Sem Santo, passa "La Cabeza Viviente" (1963).
Na programação também está a comédia brasileira "Dois na Lona", de 1968, em que Renato Aragão contracena com o rei do telecatch nacional, Ted Boy Marino.


LUTA LIVRE - SEM LIMITE DE TEMPO.
Onde:
CCBB (r. 1º de Março, 60, Centro, Rio de Janeiro, tel. 0/xx/ 21/3808-2020).
Quando: de amanhã a 16/4, de ter. a dom., das 10h às 21h; os filme serão exibidos até 12/3, com sessões às 15h e às 17h. /
Quanto: entrada franca.



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