São Paulo, segunda-feira, 06 de junho de 2005

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Mercury Rev pode tudo

ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR

Camisa branca de mangas longas, abertas nos punhos, expressão de êxtase, Jonathan Donahue, vocalista do Mercury Rev e dândi interestelar, faz gestos de quem pode a qualquer instante sair voando do palco do Theatre of Living Arts, na Filadélfia (EUA). Por instantes, a impressão que se tem é que ele pode mesmo.
Que ele e os outros quatro músicos dessa banda única podem tudo.
Se você conhece o Mercury Rev pelos discos, tem apenas uma idéia nublada do que eles são capazes ao vivo. Se o som dos álbuns é orquestral e luxuoso, ao vivo é climático, coeso e, surpreendentemente, feliz.
O guitarrista, Grasshopper, desdobra-se para que ao vivo o Mercury Rev não perca a amplitude sonora. Jeff Mercel, nos teclados, é o herói que, com linhas simples de piano, desempenha o papel que, nos discos, é de uma orquestra inteira.
Donahue, o cantor, evoca paisagens misteriosas em "Black Forest", canta "Wilderness" com paixão, diz para a platéia que a banda vai voltar em breve à Filadélfia (provavelmente numa turnê própria, já que nessa estão abrindo para os inclassificavelmente horríveis Doves).
Segundo semestre, no Brasil, é época de festivais. Se eu influísse em alguma coisa, traria três bandas (não por hype, só pelo poder musical ao vivo): Mission of Burma, Gang of Four e Mercury Rev.
 
Tem funk carioca na "Blender", a melhor revista musical do mundo. Quem assina a reportagem é o anglo-carioca Alex Bellos, caso raro de gringo que entende o Brasil (difícil) e mais especificamente o Rio (mais complicado ainda). Revelador, sem ser sensacionalista, Bellos criou traduções sensacionais. Gaiola das Popuzudas, por exemplo, virou "Birdcage of the Big-Assed Babes". Para ter um gostinho: http://www.blender.com/in-print.
 
Falando em brazucas no exterior... A loja Other Music, preferida dos descolex nova-iorquinos, destaca, na prateleira de recomendados, a coletânea "The Sexual Life of the Savages", de bandas paulistanas dos anos 80. "Escuta Aqui" mantém a opinião que tinha há 20 anos: é quase tudo horrível. Mas os gringos discordam. O staff da Other Music está deslumbrado com bandas como Mercenárias, Akira S, Smack e Cabine C. Saiba o que é: www.souljazzrecords.com.

CD PLAYER

PLAY - "NYT" malha Coldplay
Quando fiz isso, em 2003, o mundo caiu em cima de mim. Agora, no "New York Times", o crítico Jon Pareles explica porque abomina o Coldplay.

PLAY - "The Peels", The Peels
Quatro maloqueiros da região de San Francisco se reúnem com o objetivo de extinguir a vida na Terra. A cantora é um espetáculo.

EJECT - "The Sexual Life of the Savages"
Salva-se alguma coisa do Fellini e as letras inteligentes do Akira S. Isso é que eu acho. Mas os gringos "indie" adoram. Paciência.


@- cby2k@uol.com.br

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