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MÚSICA
Conheça o grime, novo estilo musical, derivado do garage, que tem conquistado a juventude londrina com letras ferozes e bases ordinárias
Faça você mesmo
IGOR RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Incomodados com a progressiva sofisticação da música jovem, adolescentes
suburbanos e cheios de fúria começam
a produzir e a tocar canções cruas e diretas,
na base do "faça você mesmo". Essas linhas
poderiam descrever a Londres dos anos 70
e o início do punk rock. Mas não: apesar de
a cidade ser a mesma, o momento é o atual
e o som se chama grime.
A comparação vem de gente gabaritada,
como o jornalista Simon Reynolds, autor
de diversos artigos e livros sobre cultura urbana, como "Rip It Up and Start Again",
sobre os anos do pós-punk, que acaba de
lançar nos EUA. "Como o punk naquela
época, o grime é um movimento rude e
sem meias-palavras", atesta ele.
O grime evoluiu de um estilo conhecido
como UK garage -uma espécie de
drum'n'bass com batidas mais quebradas e
MCs cantando frases de efeito sobre as bases. Por volta de 2000, o garage começou a
ser constantemente associado a problemas
como violência e drogas, o que foi afastando o público, principalmente adolescentes.
Em busca de novos caminhos, jovens do
leste de Londres começaram a fazer suas
próprias produções, muitas vezes de forma
rudimentar. Os MCs passaram a ser fundamentais e o duelo entre eles, improvisando
rimas no chamado "freestyle", virou mania
em centros culturais, estúdios caseiros ou
qualquer outro lugar onde se pudesse ligar
picapes, caixas de som e microfones. O ápice veio com um jovem de 17 anos chamado
Dizzee Rascal, que produziu, em 2003, no
computador do colégio, um álbum inteiro de grime, "Boy in da Corner".
Com o disco, o adolescente ganhou o
Mercury Prize de melhor álbum daquele ano.
Desde 2004, a grande mídia inglesa repercute a cena, gravadoras
importantes contratam artistas de
grime e figuras carimbadas do
pop britânico são parceiras de
expoentes do gênero, como o
rapper The Streets e o MC Kano. "O gênero está crescendo
e criando novas releituras, algumas voltadas para o dub e
dancehall, outras mais ligadas ao electro", diz o DJ inglês Kode 9, que esteve no Brasil recentemente participando do festival Hype, do
Sesc Pompéia.
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