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Invasão estudantil
TEENS ARGENTINOS OCUPAM ESCOLAS EM PROTESTO CONTRA MÁ CONDIÇÃO DA REDE PÚBLICA
GUSTAVO HENNEMANN
DE BUENOS AIRES
As salas têm goteiras, são
frias demais, o teto está se
desmanchando e, na hora do
aperto, é preciso usar o "pipi-room" improvisado no pátio.
Essas são algumas das dificuldades relatadas por alunos da rede pública de Buenos Aires, que há três semanas resolveram ocupar 28 escolas e reivindicar melhorias.
Segundo eles, a prefeitura
destina cada vez menos dinheiro para reformar as escolas públicas e financia cada
vez mais as escolas privadas.
A estratégia dos alunos foi
acampar nas salas de aula.
Estenderam faixas com críticas ao prefeito, Mauricio Macri, e suspenderam as aulas.
"O governo faz da educação um negócio. Incentiva os
colégios privados para obrigar os pais a desistirem da rede pública", diz Federico, 17.
Ele e outros 80 colegas
ocuparam o colégio Juan
Bautista Alberdi, em Belgrano, e montaram comitês de
alimentação, limpeza, segurança e comunicação para
organizar a convivência.
A comida e o material de
divulgação foram financiados por doações de estudantes, pais e professores.
"Não estamos aqui à toa,
tocando violão. Organizamos palestras e exibimos filmes", diz Sofia, 16.
Na semana passada, enquanto cinco colégios ainda
estavam ocupados, a prefeitura anunciou um plano de
reforma das escolas.
O prefeito disse que herdou uma situação "catastrófica" e que os alunos estão
sendo influenciados por partidos da esquerda.
"Não é preciso ler [Karl]
Marx ou [Leon] Tróstky para
ver que alguém está ficando
com o dinheiro e o teto [das
escolas] está caindo na nossa
cabeça", diz Ignacio, 18.
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