São Paulo, segunda-feira, 06 de setembro de 2010

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Invasão estudantil

TEENS ARGENTINOS OCUPAM ESCOLAS EM PROTESTO CONTRA MÁ CONDIÇÃO DA REDE PÚBLICA

GUSTAVO HENNEMANN
DE BUENOS AIRES

As salas têm goteiras, são frias demais, o teto está se desmanchando e, na hora do aperto, é preciso usar o "pipi-room" improvisado no pátio.
Essas são algumas das dificuldades relatadas por alunos da rede pública de Buenos Aires, que há três semanas resolveram ocupar 28 escolas e reivindicar melhorias.
Segundo eles, a prefeitura destina cada vez menos dinheiro para reformar as escolas públicas e financia cada vez mais as escolas privadas.
A estratégia dos alunos foi acampar nas salas de aula. Estenderam faixas com críticas ao prefeito, Mauricio Macri, e suspenderam as aulas.
"O governo faz da educação um negócio. Incentiva os colégios privados para obrigar os pais a desistirem da rede pública", diz Federico, 17.
Ele e outros 80 colegas ocuparam o colégio Juan Bautista Alberdi, em Belgrano, e montaram comitês de alimentação, limpeza, segurança e comunicação para organizar a convivência.
A comida e o material de divulgação foram financiados por doações de estudantes, pais e professores.
"Não estamos aqui à toa, tocando violão. Organizamos palestras e exibimos filmes", diz Sofia, 16.
Na semana passada, enquanto cinco colégios ainda estavam ocupados, a prefeitura anunciou um plano de reforma das escolas.
O prefeito disse que herdou uma situação "catastrófica" e que os alunos estão sendo influenciados por partidos da esquerda.
"Não é preciso ler [Karl] Marx ou [Leon] Tróstky para ver que alguém está ficando com o dinheiro e o teto [das escolas] está caindo na nossa cabeça", diz Ignacio, 18.


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