São Paulo, segunda-feira, 06 de outubro de 2008

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02 NEURÔNIO

>> Jô Hallack >>Nina Lemos >> Raq Affonso

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Para tudo! (assim, sem acento)

PÁRA TUDO , tivemos uma idéia ótima. Quer dizer... Para tudo, tivemos uma ideia ótima. Estranho, não? Mas é assim, queridos! É lei. Ano que vem teremos que começar a escrever aqui neste espaço que temos ideias ótimas (assim, sem acento). E não, a modéstia a gente não vai perder. Também não deixaremos de ser meio afetadas e continuaremos a gritar: PARA TUDO! Mas olha como é ruim gritar isso sem acento! O acento confere drama, pressa, desespero. E não, não deixaremos de ser desesperadas nem dramáticas até o ano que vem.
Mas teremos que escrever desse jeito, porque é o que manda a reforma ortográfica que começa a funcionar no ano que vem. Além de perder nosso drama, teremos que estudar português. Sim, somos escritoras, mas também autodidatas (atenção, não terá mais hífen!). Por isso, já esquecemos totalmente o que é um ditongo paroxítono. A verdade é que não lembramos mais nem o que é ditongo. E nem o que é uma palavra paroxítona. Nesse momento, assumimos, temos uma certa inveja de vocês que ainda estão na escola. Sabemos que, com um pouco de esforço, vamos lembrar. Mas abriremos um portal mental de lembranças que gostaríamos de esquecer. Como a tabela periódica, a equação de segundo grau e aquele garoto que nos esnobou no científico. Imagina, a essa altura da vida, ter que conviver com uma rejeição do passado.
E acabamos de diagnosticar um outro problema causado pela reforma. Os nossos computadores não estão preparados para ela! Então, cada vez que escrevemos ideia, o sistema do Bill Gates vai lá e coloca o acento automaticamente e temos que tirá-lo.
Uma coisa muito boa foi a inclusão do k no alfabeto. Porque isso acaba com um complexo de inferioridade do brasileiro, que foi se apaixonar pela letra só porque ela era estrangeira. Nos sentíamos menores por termos letras a menos. Ninguém ligou muito para o Y mas o K, em compensação... foi amor à primeira vista. E dá-lhe boteco com nome de "Kaneco gelado" e restaurante por kilo.
Mas nossa grande preocupações é a seguinte. Uó é um ditongo? Em todas as reportagens sobre a reforma, ninguém colocou ainda essa palavra tão importante como exemplo. Será que teremos que escrever uo? Em todo caso, vamos aproveitar e gritar bem alto agora. Uóóóóóóóóó!

Momento de histeria

Nem sempre temos ideias uos



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