São Paulo, segunda-feira, 06 de outubro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

música

Indie rock para quem gosta de literatura

Seychelles lança segundo CD, "Nananenen", com influências clássicas

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quem costuma circular pelas ruas de bairros como Vila Madalena e Pinheiros já deve ter visto pequenos grafites nos muros com os dizeres Seychelles. É esse o nome da banda de rock que há seis anos vem cavando seu espaço na cena independente paulistana. Formada pelo quarteto Gustavo Garde, nos vocais, Renato MC, no baixo, Paulo CH, na bateria e Fernando Coelho, na guitarra, ela acaba de lançar seu segundo CD, "Nananenen", disponível para down- load gratuito na rede.
Em entrevista ao Folhateen, o vocalista Gustavo Garde falou do processo criativo do grupo e garantiu que a banda não tem nada a ver com os grafites que divulgam seu nome. "Nunca descobrimos quem é o autor deles, mas não deixou de ser uma boa mídia para nós", diz. Leia entrevista. (LUANA VILLAC)

 

FOLHA - Como foi o processo de criação do disco?
GUSTAVO GARDE
- Para o primeiro álbum, juntamos as melhores composições de cada um. Desta vez, compusemos canções específicas para esse trabalho. Tínhamos uma certa idéia de como queríamos que o disco soasse, mas foi durante o processo que as coisas ficaram mais claras para nós.

FOLHA - O resultado é um trabalho com características bastante urbanas. Isso foi intencional?
GUSTAVO
- Nos dois discos temos a cidade de São Paulo, de onde somos, como matéria-prima inspiradora. Mas em "Nananenen" imaginamos um personagem que vai se libertando dessa coisa opressiva e cheia de estímulos que é a cidade, rumo à natureza e à purificação. Tentamos mostrar esse outro caminho possível. É como se ele estivesse preso no trânsito, na marginal, mas fosse se acalmando com mantras de compaixão.

FOLHA - Daí veio "Nananenen"?
GUSTAVO
- O nome veio antes do conceito. Em um primeiro momento, dividiu as opiniões dos membros da banda, mas acabamos por abraçá-lo. Eu gosto porque é uma espécie de onomatopéia, pronunciável em qualquer língua. Além disso, é um nome plástico, graficamente falando. Você consegue escrevê-lo usando apenas triângulos, criando um poema concreto. Ele traz ainda a idéia de embalar as pessoas com o nosso rock.

FOLHA - Suas letras parecem ter influências literárias. Têm?
GUSTAVO
- Sim, desde o primeiro disco a literatura é uma influência bem presente. Citamos Machado de Assis, Fernando Pessoa... Agora estou em uma fase de ler Dalton Trevisan e isso acaba fazendo parte do caldo de inspiração da banda.

FOLHA - Vocês se consideram uma banda experimental?
GUSTAVO
- No sentido de estarmos sempre testando o formato, colocando-o em xeque para chegar ao que é nosso, sim. Mas todos estão sujeitos a repetir fórmulas. O experimental corre o risco de ser previsível.

FOLHA - O que a música eletrônica pode acrescentar ao rock?
GUSTAVO
- Hoje é impossível dizer o que é ou não é música eletrônica. Vivemos em um cenário onde as coisas se fundem e os rótulos ficam obsoletos cada vez mais rapidamente. Mas acho que a música continua se fazendo ao vivo, é no palco que ela mostra o que realmente é.

NANANENEN
Seychelles
www.mondo77.fm


Texto Anterior: +CDs
Próximo Texto: Escuta aqui - Álvaro Pereira Júnior: O deus punk e o artista milionário
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.