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música
Indie rock para quem gosta de literatura
Seychelles lança segundo CD, "Nananenen", com influências clássicas
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Quem costuma circular pelas ruas de
bairros como Vila
Madalena e Pinheiros já deve ter visto
pequenos grafites nos muros
com os dizeres Seychelles. É esse o nome da banda de rock que
há seis anos vem cavando seu
espaço na cena independente
paulistana. Formada pelo quarteto Gustavo Garde, nos vocais,
Renato MC, no baixo, Paulo
CH, na bateria e Fernando Coelho, na guitarra, ela acaba de
lançar seu segundo CD, "Nananenen", disponível para down-
load gratuito na rede.
Em entrevista ao Folhateen,
o vocalista Gustavo Garde falou
do processo criativo do grupo e
garantiu que a banda não tem
nada a ver com os grafites que
divulgam seu nome. "Nunca
descobrimos quem é o autor
deles, mas não deixou de ser
uma boa mídia para nós", diz.
Leia entrevista.
(LUANA VILLAC)
FOLHA - Como foi o processo de
criação do disco?
GUSTAVO GARDE - Para o primeiro álbum, juntamos as melhores composições de cada um.
Desta vez, compusemos canções específicas para esse trabalho. Tínhamos uma certa
idéia de como queríamos que o
disco soasse, mas foi durante o
processo que as coisas ficaram
mais claras para nós.
FOLHA - O resultado é um trabalho
com características bastante urbanas. Isso foi intencional?
GUSTAVO - Nos dois discos temos a cidade de São Paulo, de
onde somos, como matéria-prima inspiradora. Mas em "Nananenen" imaginamos um personagem que vai se libertando
dessa coisa opressiva e cheia de
estímulos que é a cidade, rumo
à natureza e à purificação.
Tentamos mostrar esse outro caminho possível. É como
se ele estivesse preso no trânsito, na marginal, mas fosse se
acalmando com mantras de
compaixão.
FOLHA - Daí veio "Nananenen"?
GUSTAVO - O nome veio antes
do conceito. Em um primeiro
momento, dividiu as opiniões
dos membros da banda, mas
acabamos por abraçá-lo. Eu
gosto porque é uma espécie de
onomatopéia, pronunciável em
qualquer língua.
Além disso, é um nome plástico, graficamente falando. Você consegue escrevê-lo usando
apenas triângulos, criando um
poema concreto. Ele traz ainda
a idéia de embalar as pessoas
com o nosso rock.
FOLHA - Suas letras parecem ter influências literárias. Têm?
GUSTAVO - Sim, desde o primeiro disco a literatura é uma influência bem presente. Citamos Machado de Assis, Fernando Pessoa... Agora estou em
uma fase de ler Dalton Trevisan
e isso acaba fazendo parte do
caldo de inspiração da banda.
FOLHA - Vocês se consideram uma
banda experimental?
GUSTAVO - No sentido de estarmos sempre testando o formato, colocando-o em xeque para
chegar ao que é nosso, sim. Mas
todos estão sujeitos a repetir
fórmulas. O experimental corre
o risco de ser previsível.
FOLHA - O que a música eletrônica
pode acrescentar ao rock?
GUSTAVO - Hoje é impossível
dizer o que é ou não é música
eletrônica. Vivemos em um cenário onde as coisas se fundem
e os rótulos ficam obsoletos cada vez mais rapidamente. Mas
acho que a música continua se
fazendo ao vivo, é no palco que
ela mostra o que realmente é.
NANANENEN
Seychelles
www.mondo77.fm
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