São Paulo, segunda-feira, 06 de outubro de 2008

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>> Álvaro Pereira Júnior - cby2k@uol.com.br

O deus punk e o artista milionário

SABE QUEM ERA amigão do zilionário artista plástico inglês Damien Hirst? O deus punk Joe Strummer, ele mesmo, do Clash. Hirst, você sabe, bombou no noticiário há duas semanas, depois de vender, de uma vez, obras no valor de R$ 400 milhões! Essa sacada chamou a atenção por diversos motivos. Primeiro, pela montanha de dinheiro. Segundo, porque Hirst usou diretamente a casa de leilões Sotheby's, em vez de seguir o caminho normal das galerias de arte (livrando-se, assim, da comi$$ão dos galeristas). E, finalmente, porque as obras são muito loucas: basicamente, animais mortos, ou partes de animais mortos, conservados em tanques enormes de formol.
Mas esta é uma coluna primordialmente de música, e o assunto é a amizade do milionário com Strummer. Eles se conheceram nos anos 90, quando o Clash já tinha acabado. A fachada de durão de Strummer desmoronava nas conversas com Hirst.
"Ele falava sobre a mãe, sobre o fato de que ela era alcoólatra. Ele contava que ficava sentado na escada, quando era criança, ouvindo a mãe gritar (...)", afirmou Hirst ao jornalista inglês Chris Salewicz, no livro "Redemption Song, the Ballad of Joe Strummer".
Era uma época pesada de drogas para Strummer e Hirst. Toneladas de ácido e ecstasy, as drogas "du jour".
Lucinda, mulher de Joe, diz no livro que Joe adorava Hirst: "Damien provocava, desafiava, inspirava Joe. É irreverente e imensamente talentoso".
Na época, Damien Hirst já era famoso e milionário. Strummer... era Strummer. Veterano do punk, a integridade em pessoa. Mas nunca superfamoso ou super-rico. Em 2002, a amizade sofreu um abalo, quando Hirst decidiu parar de vez com drogas e bebidas. Joe continuou mandando ver. Em 22 de dezembro daquele ano, morreu do coração, aos 50 anos. Hirst, sóbrio e produtivo, está vivo até hoje. Muitos milhões de libras mais rico.

CD PLAYER

PLAY - Francis Bacon na Tate Gallery, em Londres
Fui ver a exposição de Bacon (1909-1992), o Zé do Caixão da pintura do século 20. Linda e assustadora.

PAUSE - "Glasvegas", Glasvegas
OK, é implicância, mas esse sotaque escocês não desce. O CD, no entanto, é sincero e bem-intencionado.

EJECT - "Carne Viva", Paulo Francis
Esse livro prova que ninguém é perfeito, nem o grande Francis. Algumas cenas e diálogos são constrangedores.


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