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>> Álvaro Pereira Júnior - cby2k@uol.com.br
O deus punk e o artista milionário
SABE QUEM ERA amigão do zilionário artista plástico inglês Damien Hirst? O deus
punk Joe Strummer, ele mesmo, do
Clash. Hirst, você sabe, bombou no noticiário
há duas semanas, depois de vender, de uma
vez, obras no valor de R$ 400 milhões! Essa sacada chamou a atenção por diversos motivos.
Primeiro, pela montanha de dinheiro. Segundo, porque Hirst usou diretamente a casa de leilões Sotheby's, em vez de
seguir o caminho normal
das galerias de arte (livrando-se, assim, da comi$$ão dos galeristas). E,
finalmente, porque as
obras são muito loucas:
basicamente, animais
mortos, ou partes de animais mortos, conservados em tanques enormes
de formol.
Mas esta é uma coluna
primordialmente de música, e o assunto é a amizade do milionário com
Strummer. Eles se conheceram nos anos 90, quando o Clash já tinha acabado. A fachada de durão de
Strummer desmoronava
nas conversas com Hirst.
"Ele falava sobre a mãe,
sobre o fato de que ela era
alcoólatra. Ele contava
que ficava sentado na escada, quando era criança,
ouvindo a mãe gritar (...)",
afirmou Hirst ao jornalista inglês Chris Salewicz,
no livro "Redemption
Song, the Ballad of Joe
Strummer".
Era uma época pesada de drogas para Strummer e
Hirst. Toneladas de ácido e ecstasy, as drogas "du jour".
Lucinda, mulher de Joe, diz no livro que Joe adorava
Hirst: "Damien provocava, desafiava, inspirava Joe. É irreverente e imensamente talentoso".
Na época, Damien Hirst já era famoso e milionário.
Strummer... era Strummer. Veterano do punk, a integridade em pessoa. Mas nunca superfamoso ou super-rico.
Em 2002, a amizade sofreu um abalo, quando Hirst decidiu parar de vez com drogas e bebidas. Joe continuou
mandando ver. Em 22 de dezembro daquele ano, morreu do coração, aos 50 anos. Hirst, sóbrio e produtivo,
está vivo até hoje. Muitos milhões de libras mais rico.
CD PLAYER
PLAY - Francis Bacon na Tate
Gallery, em Londres
Fui ver a exposição de Bacon (1909-1992), o Zé do Caixão da pintura do
século 20. Linda e assustadora.
PAUSE - "Glasvegas",
Glasvegas
OK, é implicância, mas esse sotaque
escocês não desce. O CD, no entanto, é
sincero e bem-intencionado.
EJECT - "Carne Viva", Paulo
Francis
Esse livro prova que ninguém é perfeito,
nem o grande Francis. Algumas cenas e
diálogos são constrangedores.
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