São Paulo, segunda-feira, 07 de fevereiro de 2005

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SURFE

Conheça o brasileiro Pablo Paulino, que, aos 17, é o novo campeão mundial júnior

No mar com a bola toda

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O primeiro esporte que Pablo Paulino pensou em fazer quando se mudou para Fortaleza ainda criança foi futebol. Recém-chegado de Santos, sua cidade natal, não tinha muitos amigos com quem ir à praia. Mas, quando começou a fazer amigos, entrou na escolinha beneficente de surfe da praia de Titanzinho, onde nomes como Tita Tavares, Duda Carneiro e André Silva (figuras carimbadas do esporte) também praticavam manobras.
Desde então, não parou mais. Sorte do Brasil, que tem o novo campeão mundial da categoria júnior, título conquistado no dia 8 de janeiro no Billabong World Junior Championship 2005, na Austrália. A competição é alça de acesso ao WQS (World Qualifying Super Series) e já é meio caminho para o WCT (World Championship Tour), categoria máxima do surfe.
Ele é o terceiro brasileiro, ao lado de Pedro Henrique (2000) e Adriano de Souza (2004), a conquistar o título.
"Antes de ir pro Mundial, eu tinha prometido que o Brasil ia trazer o título", diz Pablo. A equipe brasileira deste ano foi formada por ele, por Adriano "Mineirinho" de Souza, defendendo o título, e mais Hizunome Bettero, Jorge Spanner, Diego Santos, Amani Valentin e Jean da Silva, disputando com a galera do Havaí, dos EUA, da Alemanha e os donos da casa, entre outros.
O aprendizado em Fortaleza contou muito, pois o mar de North Narrabeen, na Austrália, estava quebradiço e as ondas não passavam de um metro. "O mar de lá é parecido com o do Nordeste", diz. A semifinal e a final foram adiadas até o limite, 8 de janeiro, porque não havia condições. Com seu estilo rápido, em que os aéreos são uma especialidade, Pablo chegou perto da maior pontuação nas quartas-de-final (fez o recorde do campeonato, 18.93 de um máximo de 20 pontos) e na bateria definitva venceu o outro finalista, o havaiano Dustin Cuizon (17.33 contra 11.17).
O novo campeão treina seis horas diariamente no Recreio, no Rio de Janeiro, para onde se mudou há três anos. Ele mora em uma república coordenada por Thiago Cunha, "shaper" (que faz pranchas), e com outros garotos vindos do Ceará. "No Nordeste, o surfe sofre bastante preconceito, não é uma profissão", diz.
Sua expectativa para o WQS é trazer o campeonato para o Brasil. Pablito, como é conhecido, vai ter de treinar duro para conseguir o mesmo aproveitamento de surfistas estrangeiros acostumados às grandes ondas do circuito, como nas ilhas Maldivas e no Havaí. O lugar já foi definido: a praia de Camburi, em São Paulo.
Se coragem contar ponto, Pablo já entra com vantagem. "Eu vou entrar pra derrubar, vou como um franco-atirador", diz. Grande promessa da nova geração do surfe nacional, ele aposta em um título mundial para o país dentro de dois ou três anos. De preferência, conquistado por ele: "Sou mais um brazuca para dar trabalho pros gringos; eles já viram que o Brasil vai dar trabalho".
(LUCIANA PAREJA)


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