São Paulo, segunda-feira, 07 de julho de 2008

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Sexo & Saúde

Jairo Bouer - jbouer@uol.com.br

Programação errada

"Só para me programar: gostaria de saber se existe algum medicamento que corta o efeito da pílula do dia seguinte, como remédio para a gripe, xarope ou até faixa preta?"

MAIS UMA dúvida sobre pílula do dia seguinte que demonstra, provavelmente, um uso inadequado desse tipo método. Você consegue perceber por quê? Se eu me preocupo, previamente, com que tipo de remédio interfere no funcionamento da pílula do dia seguinte, na prática, eu estou planejando o uso de um método que só deveria ser empregado em situações de emergência, não é mesmo?
Para começar, a pílula do dia seguinte deveria ser usada apenas quando os recursos tradicionais de proteção, por algum motivo, falharam. Assim, a garota que esqueceu de tomar uma pílula da cartela naquele ciclo, a camisinha que estourou, o esperma que vazou no momento da retirada da camisinha seriam "cobertos" pela proteção extra.
Mas não é bem isso que a gente vê na prática. Só para vocês terem uma idéia: em uma pesquisa que fechamos no final do ano passado com quase 7500 jovens de 20 escolas de São Paulo, 20% dos que já faziam sexo, tinham usado a pílula do dia seguinte. É muita gente para se pensar só em acidentes de percurso!
O que se tem observado é que muitos jovens estão adotando a pílula do dia seguinte como método de escolha. Para eles, mais fácil do que ficar tomando pílula todos os dias (e mais prático do que a camisinha) é usar a pílula de emergência quando se faz sexo e se suspeita de possibilidade de gravidez.
Só que essa teoria, criada pela moçada, esbarra em algumas questões técnicas importantes. Primeira (e mais básica): sem camisinha a pessoa se expõe ao risco de doenças transmitidas pelo sexo, inclusive Aids.
Depois, a pílula do dia seguinte deve ser tomada apenas nas primeiras 72 horas depois da relação suspeita. Mesmo nessas condições, ela não garante 100% de proteção. Ou seja, mesmo sendo tomada corretamente, ela pode falhar. Depois, dependendo da fase do ciclo que a garota está, a pílula pode ou não provocar um sangramento, o que confunde a cabeça das meninas, que ficam sem saber se o método funcionou ou não. Sem contar os efeitos colaterais que podem causar náusea, mal estar, dores de cabeça, entre outros.
Trocando em miúdos: em vez de se preocupar com que medicamentos poderiam interferir na proteção da pílula do dia seguinte, que tal conversar com o ginecologista e definir um método seguro e confiável?


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