|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Click" une drama e comédia
JOÃO PAPA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
"Click" é um dos
filmes mais surpreendentes do
ano. Vendido
como uma comédia sobre um cara com um
controle remoto, a obra em alguns momentos é um drama de
primeira (podendo até mesmo
levar às lágrimas aqueles com
coração mole).
Adam Sandler é Michael
Newman, um arquiteto que deseja ser promovido na empresa
em que trabalha. Sem tempo
para ficar com a família ou para
cuidar de seus interesses, sua
vida muda quando um sujeito
estranho (Christopher Walken) dá a ele um controle remoto que pode controlar o mundo
(deixando-o, por exemplo, em
câmera lenta).
Lá pela metade da projeção, o
filme começa a se transformar
num drama e as poucas risadas
que tenta causar (com sucesso)
são originadas pela forma irônica com que o personagem de
Sandler encara seu destino.
O ponto alto é exatamente
esse. Ao encarar como sérias as
cenas dramáticas, o diretor
Frank Coraci transforma Michael Newman em uma pessoa
real, fugindo do bobalhão que
Sandler costuma interpretar
(vide "A Herança de Mr.
Deeds").
Quando o filme passeia pelo
futuro, Coraci mostra maturidade como diretor (o que é surpreendente, já que seu último
filme foi o terrivelmente ruim
"Volta ao Mundo em 80 Dias").
Sem apelar para carros voadores ou qualquer maluquice do
tipo, o ano de 2017 parece real e
absolutamente possível, o que é
raro de acontecer no cinema de
Hollywood.
Nascido de uma combinação
que poderia ser uma catástrofe
total (a cara de bobo de Sandler
com a até então conhecida incapacidade de Coraci como diretor), o filme surpreende pela
qualidade, chegando até mesmo a funcionar como crítica social contra todos aqueles que
colocam o trabalho à frente da
família. "Click" é um filme que
diverte com inteligência, mostrando que até uma comédia
pode ser triste.
Texto Anterior: 02 Neurônio: Um diamante ou uma TV? Próximo Texto: Feios, sujos e malvados Índice
|