São Paulo, segunda-feira, 07 de agosto de 2006

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"Click" une drama e comédia

JOÃO PAPA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Click" é um dos filmes mais surpreendentes do ano. Vendido como uma comédia sobre um cara com um controle remoto, a obra em alguns momentos é um drama de primeira (podendo até mesmo levar às lágrimas aqueles com coração mole).
Adam Sandler é Michael Newman, um arquiteto que deseja ser promovido na empresa em que trabalha. Sem tempo para ficar com a família ou para cuidar de seus interesses, sua vida muda quando um sujeito estranho (Christopher Walken) dá a ele um controle remoto que pode controlar o mundo (deixando-o, por exemplo, em câmera lenta).
Lá pela metade da projeção, o filme começa a se transformar num drama e as poucas risadas que tenta causar (com sucesso) são originadas pela forma irônica com que o personagem de Sandler encara seu destino.
O ponto alto é exatamente esse. Ao encarar como sérias as cenas dramáticas, o diretor Frank Coraci transforma Michael Newman em uma pessoa real, fugindo do bobalhão que Sandler costuma interpretar (vide "A Herança de Mr. Deeds").
Quando o filme passeia pelo futuro, Coraci mostra maturidade como diretor (o que é surpreendente, já que seu último filme foi o terrivelmente ruim "Volta ao Mundo em 80 Dias"). Sem apelar para carros voadores ou qualquer maluquice do tipo, o ano de 2017 parece real e absolutamente possível, o que é raro de acontecer no cinema de Hollywood.
Nascido de uma combinação que poderia ser uma catástrofe total (a cara de bobo de Sandler com a até então conhecida incapacidade de Coraci como diretor), o filme surpreende pela qualidade, chegando até mesmo a funcionar como crítica social contra todos aqueles que colocam o trabalho à frente da família. "Click" é um filme que diverte com inteligência, mostrando que até uma comédia pode ser triste.


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