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ESPORTE
Onda de gente grande
Nova geração rema para fortalecer o Brasil na elite do surfe mundial
TARSO ARAUJO
DA REPORTAGEM LOCAL
Nas ondas, o surfista paulista Gabriel Medina, 15,
não respeita os mais velhos. Em julho, ele superou o
veterano Neco Padaratz, 32, na
praia Mole (SC), numa final do
WQS -a segunda divisão do
surfe mundial- e tornou-se o
mais jovem campeão de um
torneio da ASP (Associação de
Profissionais do Surfe).
Gabriel é um dos destaques
de uma nova geração de surfistas brasileiros que não têm medo de ondas grandes e de sonhos maiores ainda. "Quero ser
campeão do WCT", diz, referindo-se ao campeonato disputado pela elite do surfe mundial.
Quem já tem vaga praticamente garantida para esse grupo seleto, a partir de 2010, é o
potiguar Jadson André, 19. Ele
é o segundo colocado no WQS,
com grandes chances de vencer
o circuito, que promove os 15
primeiros colocados ao WCT.
Entre as meninas, a elite já é
uma realidade chamada Bruna
Schmitz, 19, de Matinhos (PR),
promessa apontada pelo Folhateen ainda em 2004. Em
2008, ela fez o WQS feminino e
conseguiu uma vaga no WWT,
a primeira divisão do mundial
feminino. Agora, já está entre
as dez melhores do mundo.
"Se eu me mantiver entre as
dez primeiras neste ano, já estou feliz", diz a surfista.
Quem está ansiosa para seguir seus passos é Bárbara Müller, 17, paulista de Ourinhos
radicada em Camboriú (SC).
Contando seus melhores resultados do ano, ela é a primeira colocada do
ranking brasileiro feminino.
Mas, para disputar o
WQS, ela ainda precisa completar o ensino médio (veja texto ao lado).
Talento precoce
Para ir tão longe tão cedo,
eles começam novos. Bruna tinha dez anos no verão em que
ela e várias amigas entraram
numa escolinha de surfe. "Aí
veio o frio e todo mundo desistiu. Só eu continuei", diz.
"De cara, amei surfar." E ganhar. Aos 12, levou seu primeiro título, e aos 15 era bicampeã
brasileira na categoria sub-16.
Mais radical ainda é o exemplo de Miguel Pupo, 17, outro
destaque juvenil no ranking do
WQS. Aos dois anos, ele aprendeu a andar. Aos quatro, a surfar. E aos oito já disputava campeonatos.
"Aos quatro anos,
ele descia as ondas comigo, em pé na "long board"
(prancha grande)", diz seu pai,
Wagner Pupo, ex-surfista profissional.
A juventude, no entanto, é
uma preocupação a mais para
quem os treina e acompanha
carreira deles. Todo mundo
pensa que ser surfista é ter vida
mansa. Não é bem assim.
"Tem que ter uma preparação psicológica forte para suportar a pressão", diz Luiz
Campos, o Pinga, treinador de
Jadson e Miguel.
"Como qualquer profissão,
também tem seus problemas. A
vantagem é que trabalhamos
na praia", diz Jadson, que conhece "picos" paradisíacos de
mais de dez países.
"O lado bom é fazer o que a
gente gosta. Muita gente não
consegue", lembra Miguel.
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