São Paulo, segunda-feira, 07 de setembro de 2009

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ESPORTE

Onda de gente grande

Nova geração rema para fortalecer o Brasil na elite do surfe mundial

TARSO ARAUJO
DA REPORTAGEM LOCAL

Nas ondas, o surfista paulista Gabriel Medina, 15, não respeita os mais velhos. Em julho, ele superou o veterano Neco Padaratz, 32, na praia Mole (SC), numa final do WQS -a segunda divisão do surfe mundial- e tornou-se o mais jovem campeão de um torneio da ASP (Associação de Profissionais do Surfe).
Gabriel é um dos destaques de uma nova geração de surfistas brasileiros que não têm medo de ondas grandes e de sonhos maiores ainda. "Quero ser campeão do WCT", diz, referindo-se ao campeonato disputado pela elite do surfe mundial.
Quem já tem vaga praticamente garantida para esse grupo seleto, a partir de 2010, é o potiguar Jadson André, 19. Ele é o segundo colocado no WQS, com grandes chances de vencer o circuito, que promove os 15 primeiros colocados ao WCT.
Entre as meninas, a elite já é uma realidade chamada Bruna Schmitz, 19, de Matinhos (PR), promessa apontada pelo Folhateen ainda em 2004. Em 2008, ela fez o WQS feminino e conseguiu uma vaga no WWT, a primeira divisão do mundial feminino. Agora, já está entre as dez melhores do mundo.
"Se eu me mantiver entre as dez primeiras neste ano, já estou feliz", diz a surfista.
Quem está ansiosa para seguir seus passos é Bárbara Müller, 17, paulista de Ourinhos radicada em Camboriú (SC).
Contando seus melhores resultados do ano, ela é a primeira colocada do ranking brasileiro feminino. Mas, para disputar o WQS, ela ainda precisa completar o ensino médio (veja texto ao lado).

Talento precoce
Para ir tão longe tão cedo, eles começam novos. Bruna tinha dez anos no verão em que ela e várias amigas entraram numa escolinha de surfe. "Aí veio o frio e todo mundo desistiu. Só eu continuei", diz.
"De cara, amei surfar." E ganhar. Aos 12, levou seu primeiro título, e aos 15 era bicampeã brasileira na categoria sub-16.
Mais radical ainda é o exemplo de Miguel Pupo, 17, outro destaque juvenil no ranking do WQS. Aos dois anos, ele aprendeu a andar. Aos quatro, a surfar. E aos oito já disputava campeonatos.
"Aos quatro anos, ele descia as ondas comigo, em pé na "long board" (prancha grande)", diz seu pai, Wagner Pupo, ex-surfista profissional.
A juventude, no entanto, é uma preocupação a mais para quem os treina e acompanha carreira deles. Todo mundo pensa que ser surfista é ter vida mansa. Não é bem assim.
"Tem que ter uma preparação psicológica forte para suportar a pressão", diz Luiz Campos, o Pinga, treinador de Jadson e Miguel.
"Como qualquer profissão, também tem seus problemas. A vantagem é que trabalhamos na praia", diz Jadson, que conhece "picos" paradisíacos de mais de dez países.
"O lado bom é fazer o que a gente gosta. Muita gente não consegue", lembra Miguel.


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