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SEXO&SAÚDE
jbouer@uol.com.br Jairo Bouer
Educar antes de legalizar
Nas últimas semanas, a discussão sobre a maconha
voltou a aparecer em jornais e na TV.
Em São Paulo, uma nova marcha (do "orégano") foi proibida. E o ex-presidente Fernando Henrique
voltou a falar a favor da legalização das drogas como
uma das formas de redução da violência e do tráfico.
Não entrando no mérito da legalização, mas olhando
do ponto de vista médico e também social, algumas notícias publicadas merecem ser destacadas.
Para começar, um estudo publicado no "Archives of
General Psychiatry" diz que jovens que usam maconha
há seis anos ou mais podem ter o dobro de risco de apresentar episódios psicóticos ou alucinações quando comparados a outros que nunca experimentaram a droga.
De fato, com as variedades mais fortes de maconha há
uma maior concentração do princípio ativo THC e, provavelmente, um maior impacto sobre a saúde.
Há alguns anos, gravando uma série de matérias para
um programa de TV, acabei em reuniões de um grupo de
dependentes de maconha. As queixas da "falta" de maconha no corpo eram compatíveis com os sintomas da
abstinência produzidas por qualquer outra droga.
Mais: muitos dos que estavam há mais de um ano sem
fumar um baseado continuavam a reclamar de perda de
memória, dificuldade de se concentrar, falta de pique
para atividades diárias, entre outras sensações.
Isso sem falar em crises de pânico, episódios depressivos e quadros de apatia que têm sido cada vez mais vistos pelos psiquiatras em associação ao uso da droga.
Outra reportagem, publicada na Folha na última semana, mostrou que em Los Angeles, onde a maconha
está liberada por razões médicas (dor, náusea, anorexia), conseguir uma receita justificando a necessidade
de consumo virou quase um comércio. Consultórios
médicos "especializados" e lojas de venda de maconha
"legal" quase se transformaram em uma associação.
A maconha é uma das drogas ilícitas mais consumidas
pelos jovens hoje e essa situação não vai mudar da noite
para o dia! É lógico que nem todos que fumam sofrem
um impacto tão forte como o que foi descrito. Mas será
que antes de pensar em mudanças de lei não seria mais
importante educar sobre o que de fato pode acontecer e
aperfeiçoar os estudos sobre esses impactos?
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