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SEXO
O "professor" porn tube
Fenômeno dos sites de vídeos pornôs se prolifera e clipes são vistos por iniciantes como "aulas'
DÉBORA YURI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O.k., a gente sabe, você
conhece bem o YouPorn, o RedTube e os
modernos sites de vídeos pornôs (se você é menina,
no mínimo já ouviu falar deles,
não?). O que a gente quer saber
é: está sendo bom para você?
Com a facilidade de acesso
aos clipes pornôs hoje em dia,
eles estão virando uma espécie
de "aula de educação sexual para iniciantes". Só que esses
"professores" não são exatamente os melhores...
"Quando eu tinha 12 anos, via
filmes de sexo de madrugada
no [canal] Multishow, com o
volume no mudo, para os meus
pais não ouvirem. Agora, é bem
mais fácil, é só entrar na internet. Vejo RedTube e YouPorn
todos os dias. É grátis, tranquilo e rápido", diz André*, 17.
"Antes, a gente não tinha
muito acesso a pornô. Agora,
todos os dias eu vejo vídeos no
RedTube, a maioria das vezes
sozinho. Falam que esses sites
são só para maiores de 18 anos,
mas a segurança na internet é
incrível", ironiza Fábio*, 15.
O surgimento dos "YouTubes pornográficos" -e gratuitos- tornaram o acesso a filmes "proibidos para menores"
mais fácil do que nunca.
Não é mais preciso ir a uma
locadora, comprar um DVD pirata ou assistir a um canal específico na TV paga. Não é necessário nem mesmo baixar um
arquivo: basta entrar no site e
clicar no vídeo a que se quer assistir, como no YouTube normal. É possível, ainda, fazer
buscas pelo tipo de vídeo.
"Os jovens têm muita liberdade na internet e, com a rede,
a pornografia está cada vez
mais acessível. Seu impacto hoje é diferente do que o exercido
nas gerações antigas", diz a
educadora sexual Maria Helena Vilela, diretora do Instituto
Kaplan. "O pornô hoje tem influência na educação sexual de
quem o assiste, está substituindo a casa de prostituição."
Imitando astros pornôs
Vídeos pornôs influenciam
principalmente quem está começando a transar, de acordo
com os próprios iniciantes.
"Você vê pornôs e fica pensando: "Isso deve ser legal, essas
posições, esses gestos, esses gemidos". Aí, quando tem a chance, você tenta imitar mesmo",
diz Vagner*, 15, que perdeu a
virgindade aos 14 anos e transou com duas garotas.
"Uma vez, vi uma coisa num
filme pornô e quis fazer igual:
transar numa posição de gangorra. Os meus amigos todos
estavam falando sobre essa gangorra no colégio. Não falei para a menina que tinha
visto num site pornô, e ela
acabou topando. Foi legal",
conta Fábio, que, recém-saído da infância, tinha a companhia do pai para ver filmes
adultos na versão antiga, ou
seja, pela TV.
Não contar para a menina
que está tentando imitar
uma artimanha pornô é o
"segredo do sucesso", segundo Eric*, 16, que não tem namorada séria e é um usuário
assíduo do site pornô brasileiro Sandrinha.
"Aprendo muito, já imitei
posições diferentes. Mas eu
nunca falo para a menina
que aprendi vendo pornô.
Eu finjo que já sabia."
A incorporação da pornografia na cama faz parte da
percepção dos jovens de que
se aprende mais com a prática do que com a teoria.
"Quando você não sabe direito o que fazer, assiste a
um pornô. Mas não se
aprende só vendo, tem que
fazer o que se viu", diz Maurício*, 15, que passou "muito
tempo da vida" assistindo a
vídeos censurados.
"Só que, quando você vai
imitar uma coisa que viu
num filme pornô, geralmente fica uma droga, porque a
plasticidade do filme pornô é
uma coisa "linda': não tem
cheiro, não tem gosto e ninguém têm pelos. Desse jeito,
fica fácil...", diz Maurício.
*Todos os nomes foram trocados
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