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Na estrada
Mayra Dias Gomes - mayradiasgomes@uol.com.br
Primeiro dia: sobre escrever para vocês
SEM FIRULAS ou formalidades, digo logo de cara: contrataram-me para causar. Já que não sou boba, não hesitei e aceitei o pequeno espaço que a chefia me deu.
Meu motivo é simples: os males da controvérsia são transitórios, enquanto os benefícios são permanentes. Contanto
que meu editor incentive o elemento gonzo do meu texto e
permita que eu me embole com a pauta, posso ficar tranquila.
Afinal, nunca gostei de ficar em cima do muro. Vejo a imparcialidade como uma forma de indiferença.
Estórias são fabricadas o tempo inteiro e a verdade sobre
uma notícia raramente para nos noticiários. Por isso, peço
que pense em mim como uma mosca.
Uma mosca um pouco diferente, tá certo; tatuada, peituda,
com boca suja e uma paixão irritante pela música e seus astros. Mesmo assim, uma mosca -na parede dos camarins e
no banco das vans.
Alguém que está dentro do seu jornal para falar sobre a
loucura que rola entre as linhas. Um ser humano falho, que
perde a cabeça enquanto digita o texto, muda de ideia sobre o
que acabou de publicar, se esquece da barreira entre entrevistador e amigo do entrevistado, fica obcecado por músicos
e nem sempre consegue uma boa entrevista.
O que garante que vou falar a verdade, somente a verdade,
nada mais que a verdade? Nada, é lógico. Se quiser continuar
lendo essa coluna, terá que experimentar algo que nem eu sei
fazer: confiar em mim.
Estou indo rápido? Perdoe-me. Prometo ainda falar sobre
o dia em que resolvi virar repórter musical. Sobre sentir-me
uma rockstar fracassada e sobre usar as palavras como instrumento -a energia provocativa como um veículo.
Agora preciso ir. Atingi o limite de caracteres.
Reclamações? Xingue meu editor!
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