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Um bico na mesada
Em tempos de crise, fazer bicos é uma boa saída para aumentar a renda ou até mesmo substituir a mesada
Ricardo Jaeger-21.abr.09/Folha Imagem
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Carolina Maciel (à esq.) garante sua grana vendendo produtos de beleza
DA REPORTAGEM LOCAL
Depender financeiramente dos pais é bem confortável. Mas às vezes a grana aperta, e viver de mesada
-ou nem isso- não tem graça
nenhuma. Aí, o jeito é ter sua
própria fonte de renda.
O que não é impossível. Basta
fazer como alguns jovens que
usam seus talentos ou conhecimentos para fazer uma grana.
O universitário Pedro Vergani, 20, por exemplo, aprendeu a
fazer HQs em um curso de desenho. Aos 16, queria comprar
novos mangás, mas não ganhava mesada. Decidiu, então, passar de aluno a professor e começou a dar aulas para os amigos do irmão mais novo.
"Toda segunda e terça à tarde, eu dava aula. Cheguei a ter
sete alunos e tirava uns R$ 150
por mês", diz.
O preço da aula era camarada
-R$ 30 por mês (e para o mano
era grátis, é claro). Mas o suficiente para salvar as compras.
"Dava para comprar mangás
e alguns jogos de computador",
diz Pedro, que acabou seguindo
carreira: tornou-se aluno de
design gráfico e ilustrador.
Carolina Maciel, 19, também
investiu em aulas, mas de inglês. Ela fez curso desde os sete
anos e, de vez em quando, dava
aula para amigos, de graça ou
bem baratinho.
Neste ano, entrou para a faculdade de sociologia e resolveu dar um basta na dependência. "É um saco pedir dinheiro
pra minha mãe toda hora", diz.
Então, tentou e conseguiu
uma vaga de professora em um
curso de inglês.
"Agora estou mais independente. Moro com minha mãe,
mas pago todas as minhas despesas pessoais. E ainda dá para
economizar", diz.
O importante, no entanto,
não é ter algum talento especial, e, sim, faro para identificar
uma oportunidade que lhe sirva, como fez a estudante de veterinária Carolina Maciel.
Sua mesada só é suficiente
para lanchar e para ir à faculdade. Queria um dinheiro extra
para roupas e produtos de beleza, mas havia um problema.
"Como tenho aula de manhã
e à tarde, não podia ter emprego fixo". O jeito foi vender produtos de higiene e beleza. Para
onde vai, leva a revistinha que
funciona de mostruário e recebe encomendas de amigas da
mãe e de colegas da faculdade.
"Tiro até R$ 200 por mês",
afirma. "A gente dá muito mais
valor ao dinheiro que ganha
com nosso esforço do que ao
que vem de mão beijada. Hoje,
penso duas vezes antes de gastar, mesmo podendo comprar o
que quero", diz.
Então, se a grana está curta,
não arrume desculpas: mexa-se
e arrume um bico!
(TA)
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