São Paulo, segunda-feira, 08 de junho de 2009

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Um bico na mesada

Em tempos de crise, fazer bicos é uma boa saída para aumentar a renda ou até mesmo substituir a mesada

Ricardo Jaeger-21.abr.09/Folha Imagem
Carolina Maciel (à esq.) garante sua grana vendendo produtos de beleza

DA REPORTAGEM LOCAL

Depender financeiramente dos pais é bem confortável. Mas às vezes a grana aperta, e viver de mesada -ou nem isso- não tem graça nenhuma. Aí, o jeito é ter sua própria fonte de renda.
O que não é impossível. Basta fazer como alguns jovens que usam seus talentos ou conhecimentos para fazer uma grana.
O universitário Pedro Vergani, 20, por exemplo, aprendeu a fazer HQs em um curso de desenho. Aos 16, queria comprar novos mangás, mas não ganhava mesada. Decidiu, então, passar de aluno a professor e começou a dar aulas para os amigos do irmão mais novo.
"Toda segunda e terça à tarde, eu dava aula. Cheguei a ter sete alunos e tirava uns R$ 150 por mês", diz.
O preço da aula era camarada -R$ 30 por mês (e para o mano era grátis, é claro). Mas o suficiente para salvar as compras.
"Dava para comprar mangás e alguns jogos de computador", diz Pedro, que acabou seguindo carreira: tornou-se aluno de design gráfico e ilustrador.
Carolina Maciel, 19, também investiu em aulas, mas de inglês. Ela fez curso desde os sete anos e, de vez em quando, dava aula para amigos, de graça ou bem baratinho.
Neste ano, entrou para a faculdade de sociologia e resolveu dar um basta na dependência. "É um saco pedir dinheiro pra minha mãe toda hora", diz.
Então, tentou e conseguiu uma vaga de professora em um curso de inglês.
"Agora estou mais independente. Moro com minha mãe, mas pago todas as minhas despesas pessoais. E ainda dá para economizar", diz.
O importante, no entanto, não é ter algum talento especial, e, sim, faro para identificar uma oportunidade que lhe sirva, como fez a estudante de veterinária Carolina Maciel.
Sua mesada só é suficiente para lanchar e para ir à faculdade. Queria um dinheiro extra para roupas e produtos de beleza, mas havia um problema.
"Como tenho aula de manhã e à tarde, não podia ter emprego fixo". O jeito foi vender produtos de higiene e beleza. Para onde vai, leva a revistinha que funciona de mostruário e recebe encomendas de amigas da mãe e de colegas da faculdade.
"Tiro até R$ 200 por mês", afirma. "A gente dá muito mais valor ao dinheiro que ganha com nosso esforço do que ao que vem de mão beijada. Hoje, penso duas vezes antes de gastar, mesmo podendo comprar o que quero", diz.
Então, se a grana está curta, não arrume desculpas: mexa-se e arrume um bico! (TA)


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