São Paulo, segunda-feira, 08 de agosto de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

A mistureba de Duff

HILARY DUFF ESTREIA COMO ESCRITORA EM LIVRO RUIM E FANTASIOSO

THALES DE MENEZES
DE SÃO PAULO

Hilary Duff foi mais uma estrelinha da fábrica da Disney que se lançou como atriz e cantora. Ainda muito longe da perfeição nas duas áreas do entretenimento, aos 23 anos ela se arrisca em mais uma: literatura.
Bem, talvez literatura seja uma palavra forte demais. "Elixir", sua obra de estreia que acaba de sair no Brasil, tem o rigor de uma redação escolar bem caprichada.
Caretinha no estilo, é preciso reconhecer que o romance é uma enxurrada de ideias. Para o bem e para o mal.
O leitor precisa respirar fundo e segurar firme na cadeira para captar o enredo. Vamos lá. A narradora é uma fotógrafa profissional disputadíssima pelas principais revistas do mundo. Detalhe: ela tem só 17 anos. Sua mãe é senadora de destaque e o pai era um médico candidato ao prêmio Nobel que desapareceu há meses de um "acampamento" no qual trabalhava em uma favela carioca!
Ela e uma amiga passam férias na Europa. Na volta, ao jogar no computador as fotos da viagem, percebe em todas, registradas em vários países, a presença de um belo e misterioso rapaz. Misterioso como? Bem, numa delas ele está flutuando no ar.
A moça passa a ter sonhos com ele, sonhos rocambolescos passados em ambientes dos últimos cinco séculos.
É assim, perturbada pela aparição, que ela aceita um trabalho no Rio. As descrições das favelas e ruas são completamente equivocadas. Lá ela encontra o galã espectral, em carne e osso. Mais uma reviravolta: ele trabalhava com o pai dela (que pode até estar vivo) e vive há 600 anos vagando pela Terra depois de ter tomado um elixir disputado até hoje por membros de seitas secretas.
Os sonhos, na verdade, são memórias de vidas passadas em que ela sempre cruza com o imortal. O livro, que também inclui um bruxa morta-viva, tem final aberto para uma continuação, que Hilary já escreveu e, como o primeiro, virou best-seller.
É com status de escritora de saga que ela virá ao Rio para a Bienal do Livro, em setembro. Mas o que ela faz é esse mix de história de fantasma, anjo da guarda, bruxaria, vida eterna, amor que segue reencarnações, seitas satânicas e muito mais. Não tem qualidade, mas, se a nova carreira dela não der certo, não terá sido por falta de imaginação.

ELIXIR
Hilary Duff
ID Editora
R$ 34 (280 págs.)
AVALIAÇÃO ruim

  O livro de Duff fala sobre um elixir que faz com que gente de séculos atrás continue viva

  Duff passa também pelo Capitólio dos EUA, pois uma personagem é senadora

  Tem também: favela brasileira, gente em decomposição e um sujeito flutuante. Tem até cena de amor

  E ainda há uma espécie de confraria, um bonitão de 600 anos (que se mantém inteirão porque tomou o elixir) e vidas passadas


Texto Anterior: Governo distribui menos camisinhas, mas elas não estão em falta
Próximo Texto: Como fazer um coque
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.