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Capixabas lançam disco ao vivo e assinam contrato
Peixe vivo e fisgado
RICARDO TIBIU
FREE-LANCE PARA A FOLHA
A banda capixaba Dead Fish lançou recentemente pelo seu próprio selo, Terceiro Mundo, o tão
aguardado disco "Ao Vivo". O público do hardcore já estava esperando. Afinal de contas, 12 anos se passaram e, com eles, duas demos, três
CDs, um EP e um 4-way-split. Sem
contar as participações em inúmeras coletâneas, e até mesmo o Peixe
Morto, um projeto paralelo quase
secreto que pariu um CD, "Metrofire".
O show foi gravado em 14 de dezembro do ano passado no Hangar
110, em São Paulo. O DF aquele dia
foi: Rodrigo (voz), Alyand (baixo),
Nô (bateria) e, nas guitarras, Murilo
e Xande. Ao todo, a banda gravou
23 músicas, abrangendo suas diversas fases.
De "Sirva-se", de 98, veio o hardcore rasgado, adicionando melodias caóticas com temáticas mais
politizadas, como "MST" e a controversa "Anarquia Corporation".
De "Sonho Médio", de 99, juntaram-se as bases mais elaboradas e
letras vigorosas e conflitantes, como
a faixa-título e "Mulheres Negras"
-em que os instrumentos de cordas se calam e só resta a interação
entre público e bateria.
Antes de executar "Por Paz", Rodrigo pede à platéia que repita uma
ofensa à banda, semelhante àquela
com que as torcidas adversárias do
Vasco "saúdam" o cartola Eurico
Miranda. Em uníssono, os presentes atendem ao inusitado pedido.
"Já não acredito tanto naquela letra, mudei de idéia sobre algumas
coisas que escrevi", explica Rodrigo. "As pessoas não devem nos levar tão a sério, nem eu me levo
mais. Pensei naquilo e foi divertido", conclui.
No meio da frenética "Afasia", faixa que dá nome ao terceiro CD, Rodrigo cita um trecho de "Sossego",
do mestre Tim Maia.
"A letra [de "Afasia'] fala sobre
não ser racional, sobre acreditar
mais na loucura que na economia
de mercado. Como gosto do Tim,
achei legal colocar aquela música,
que é completamente incoerente
para o momento. Pensei que as pessoas ficariam insultadas, mas elas
gostaram", explica o incrédulo Rodrigo.
Em meio ao hardcore, o DF encontra espaço para duas semibaladas rockers, "Noite" e "Me Ensina".
A apresentação termina com uma
atormentada versão da negativa
"Iceberg", com citação de "Blueprint", dos anti-heróis do Fugazi.
O DF prepara-se para dar um
grande passo. Eles acabam de assinar um contrato com a Deck Disc,
responsável por, entre outras coisas, revelar a roqueira Pitty.
O flerte com a gravadora é antigo,
e, no começo deste ano, a banda
chegou a participar da coletânea
"Surf Rock", lançada pela Deck. O
DF já tem oito sons inéditos gravados e, ao que tudo indica, o CD novo, ainda sem título, sai no primeiro
semestre de 2004.
Os guitarristas se foram, por motivos pessoais. Chegaram o mineiro
Philippe (ex-Reffer), que já havia
feito uma breve passagem pelo grupo, e, de São Paulo, Tiago "Hóspede", do Aditive.
É com essa formação que eles pretendem atravessar a fronteira entre
o underground e o grande público.
No que depender da força acumulada ao longo desses anos, eles, sem
dúvida, vão nadar e não vão morrer
na beira da praia.
Contatos:
www.deadfish.com.br
www.terceiromundo.com.br
Para ouvir "Mulheres Negras" e trechos de
outras músicas do CD "Ao Vivo", do Dead
Fish, ligue para o tel. 0/xx/11/3471-4000 e
digite 4 - Música. O custo é só o da ligação.
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