São Paulo, segunda-feira, 09 de fevereiro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

cinema

Por trás da porta

A animação "Coraline", baseada na obra de Neil Gaiman, estreia na sexta-feira 13

DIOGO BERCITO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Não é novidade uma criança encontrar um mundo fantástico escondido embaixo do seu nariz.
Em "Crônicas de Nárnia", ele está dentro do armário dos irmãos Pevensie. Em "Alice no País do Espelho e o que ela Encontrou Lá", basta passar pela moldura em cima da lareira.
O filme "Coraline e o Mundo Secreto", adaptação de um livro do inglês Neil Gaiman (ed. Rocco, 160 págs., R$ 31), segue pelo mesmo gênero. Nesse caso, o ponto de contato entre os dois mundos é uma pequena porta escondida atrás do papel de parede da sala.
É por essa porta que Coraline passa para escapar da vida solitária no casarão antigo em que mora com os pouco atenciosos pais. À noite, segue um ratinho saltitante pelo caminho secreto e chega ao incrível mundo... da sua própria casa.
Mas, no outro lado da porta, as coisas são um pouco diferentes. Sua mãe, por exemplo, é atenciosa e cozinha quitutes deliciosos. Seu pai, em vez de trabalhar o dia todo, compõe músicas no piano de cauda.

Solução fácil
Para quem estava descontente, a casa da realidade alternativa parece resolver todos os problemas. Até o vizinho chato, o Wybe, fica mais legal -lá, ele é mudo e não fica pentelhando a Coraline o tempo todo.
O tempo vai passando e a menina se apaixona cada vez mais pelas coisas que estão atrás da porta. As velhas decadentes que moram no porão do palácio viram atrizes talentosas. Os ratos do russo maluco que mora no sótão montam um circo. Até o jardim fica mais florido.
Aos poucos, porém, Coraline vai se dando conta de que nada daquilo vem desacompanhado de um preço. Parece fácil fazer os pais lhe darem a atenção que ela quer, o vizinho interagir na medida que ela quer, os vizinhos serem quem ela quer sejam -mas a lição que aprende é a de que não existem soluções milagrosas para os problemas do mundo real.

Adaptação
O filme de "Coraline" segue a linha do livro, desviando-se dela em alguns pontos. O russo Bobinski era, originalmente, apenas um velho sem nome. E o Wybe, então, nem existia.
Mas a arte da animação carrega bem a atmosfera sombria do livro, com um estilo próprio de contornos pouco realistas. O destaque vai para a abertura, de dar frio na espinha.
A animação de "Coraline", cuja direção ficou por conta de Henry Selic (de "O Estranho Mundo de Jack"), estreia na sexta-feira 13 em versões dublada e legendada, com cópias também em 3D. A classificação etária ainda não foi definida.


Texto Anterior: Perdidos na música
Próximo Texto: Animação: O Brasil visto de lá
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.